Vejo as nuvens do céu
os sonhos da minha infância
claridades azuladas
na infinita distância.
Vejo no céu estas nuvens
Brancas, negras, azuladas
que se esfuman num momento
e deformam sem cessar.
Os sonhos da minha infância
Mortos no céu para sempre?
Na infinita distância
Os vazios transparentes.
Azuis, roxos, encarnados
que se turvam num instante
e deformam sem cessar.
Claridades azuladas
Vivas no céu
desde sempre.
Tenho os pés postos no chão
e firmados com vigor
Nos sonhos da minha infância.
Não são sonhos são certezas
que só encontro na Terra!
Claridades azuladas
de transparente constância.
Não estou parado no tempo
Não tenho os olhos fechados!
Na infinita distância
Claridades azuladas
Não são sonhos são certezas
Que só encontro na Terra.
[António Monteiro, 1959]
correspondências
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