Vejo o Tejo que deixei
num claro dia de sol
Nos meus olhos
a neblina
daquelas águas azuis.
Vejo as luzes à distância
da cidade que se afasta
e colinas
na neblina
daquelas águas luzindo.
Vejo o contorno da costa
da minha vista fugindo.
Vejo os amigos ausentes
as lutas os sofrimentos
Vejo as esperanças perdidas
e cem vezes renascidas.
Terra minha! são distantes
as lembranças só no tempo.
Bem verdes eram os campos
nesses passados instantes.
Só não me deixam saudade
aquelas mágoas que vejo
com tristeza e claridade
nas margens do rio Tejo.
[António Monteiro, 1959]
correspondências
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