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O ambiente matemático em Curitiba nos anos 50 era muito ruim. No  que diz respeito à Matemática não havia atividades extracurriculares e  as bibliotecas possuíam apenas livros utilizados pelos estudantes de  Engenharia. Antes de 1953, apenas o Prof. Leo Barsotti, então assistente  da cadeira de “Cálculo” da Faculdade de Engenharia, havia publicado  artigos originais sobre Matemática. A Universidade do Paraná tinha sido  instalada em 1946 com quatro faculdades, das quais apenas as faculdades  de Engenharia (fundada em 1913) e a de Filosofia (em 1938, mas com o  curso de Matemática iniciando em 1940) tinham cadeiras de Matemática. O  mais antigo professor de Matemática de Curitiba era Valdemiro Augusto  Teixeira de Freitas, catedrático de “Mecânica Racional” na Faculdade de  Engenharia e professor de diversas instituições de ensino de Curitiba. O  Prof. Teixeira de Freitas tinha sido professor de quase todos os  professores de Matemática de Curitiba, e por este motivo foi escolhido  como presidente da primeira diretoria da Sociedade, tendo sido reeleito  por seis vezes consecutivas. Mas, a figura mais significativa da  Matemática em Curitiba nos anos 50 era Olavo del Claro, que tinha sido  aprovado em concurso na Faculdade de Engenharia (1936) e na Escola de  Agronomia (1942). Quando da fundação da Faculdade de filosofia o Prof.  del Claro foi preterido na escolha do corpo docente, e isto foi, sem  dúvida, a causa do péssimo relacionamento entre os professores de  Matemática das duas faculdades. Havia necessidade de um catalisador.
  O catalisador apareceu em 1952 na pessoa do Prof. João Remy  Teixeira Freire, natural de Lisboa e posteriormente naturalizado  brasileiro, que veio para Curitiba assumir a cadeira de “Estatística  Geral e Aplicada” do recém criado curso de Ciências Sociais da Faculdade  de Filosofia. Remy Freire era Bacharel em Ciências Econômicas e Doutor  em Economia pela Universidade de Lisboa e, depois de já estar instalado  em Curitiba, obteve o Doutorado de Estado em Estatística pela  Universidade de Paris. Remy Freire tinha sido assistente do renomado  matemático Bento de Jesus Caraça na Universidade de Lisboa e um dos  fundadores da Sociedade Portuguesa de Matemática. Em “Análise Matemática  e Superior”, aproximou-se de Newton Carneiro Affonso da Costa, então  aluno do curso de Matemática, que, inclusive pela influência de Remy  Freire, veio a ser o único curitibano que, até hoje, se projetou  internacionalmente como matemático.
  Graças ao carisma de que era portador, Remy Freire granjeou largo  círculo de amizade em Curitiba, principalmente no meio universitário, o  que facilitou a sua disposição de fundar a Sociedade Paranaense de  Matemática.
  A primeira diretoria da Sociedade era assim constituída: Presidente  Teixeira de Freitas, Vice Presidente Ulysses Carneiro, Secretário Geral  Remy Freire, Sub Secretário Jayme Cardoso, Tesoureiro Dyonil Ruben  Carneiro Bond, Diretor de Publicações Leo Barsotti e Diretor de Cursos e  Conferências Newton Carneiro Afonso da Costa. 
  Dias após a fundação da Sociedade houve uma reunião da Sociedade  Brasileira em Curitiba intitulada ‘Para o Progresso da Ciência’. Entre  os participantes estavam Benedito Castrucci, Cândido Dias, Luiz Henrique  Jacy Monteiro e José de Barros Neto, todos professores do Departamento  de Matemática da Faculdade de Filosofia da USP. Além das comunicações  feitas na SBPC estes professores proferiram conferências na Sociedade, e  se tornaram os primeiros sócios correspondentes da Sociedade. Era o  início promissor de atividades da Sociedade, que nestes 31 anos de  existência tem patrocinado a realização de cursos, seminários, reuniões,  conferências, além de publicação de livros e periódicos.”
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João Remy Teixeira Freire  
PIQUENIQUE CLANDESTINO DE ANTI-FASCISTAS DO I.S.C.E.F. ACOMPANHADOS PELO PROF. BENTO DE JESUS CARAÇA  
Nota: Estas fotografias foram digitalizadas  por mim em casa de Pilar Ribeiro, em Bicesse, em 12 de Junho de 2006. A  sua publicação é também uma forma de a homenagear por esta altura do  seu falecimento. Recordo a alegria dos seus 95 anos, o seu interesse, o  brilho dos seus olhos, ao ver-me digitalizar as fotografias, o mesmo  encanto que se pode ver no passeio no Tejo, na sua juventude, em 1941 ou 1942.  Conheci Pilar e Hugo, que foi meu professor, no Porto, aquando do seu  regresso definitivo a Portugal. Sei que estavam sempre dispostos a  ajudar os mais novos, que é uma forma de nos mantermos jovens. Antes de  Ruy Luís Gomes, José Morgado, Hugo, Pilar e outros, antes de 25 de Abril  de 1974, a FCUP era soturna. Depois, entrou a Luz.