Leite Lopes e Monteiro numa fotografia dos anos 1945-1949
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Quando voltei de Princeton, em 1946, eu morava em uma pensão, chamada
Pensão Internacional, em Santa Tereza, que eram as ruínas do Hotel
Internacional, onde se havia hospedado a grande bailarina Isadora Duncan, pelo que
me disseram. Eu me casei em julho de 46 e voltei para o Rio (ver RIO), para um
quarto de apartamento em Copacabana. Havia um matemático português, Antônio Aniceto
Monteiro, que morava nesta pensão, que achou que eu deveria ir para lá e eu fui
com a minha mulher. O lugar era muito aprazível; um lugar alto e fazia uma diferença
de dois três graus com relação ao resto da cidade, o que era muito importante
no verão. Lá habitava o famoso casal Arpád Szenes e Maria Helena Vieira da
Silva. A Vieira da Silva tornou-se depois uma das maiores pintoras na França.
Eles vieram para cá refugiados da guerra. Havia também o pintor Carlos Scliar,
que acabava de regressar da Europa, onde tinha participado da guerra como
integrante da Força Expedicionária Brasileira. Havia um crítico de Arte chamado
Rubem Navarra, que depois foi para a França e parece que enlouqueceu e morreu prematuramente.
Uma aluna de Arpád, uma americana, fez um retrato a óleo de minha mulher
Carmita, que é uma beleza e até hoje está na casa de meu filho mais velho, José
Sérgio. Havia também um casal amigo, Adolpho e Ana Soares, que eram ceramistas,
e que nos visitavam muito na Pensão Internacional. Aliás, nos fins de semana,
iam à pensão poetas e escritores como Manuel Bandeira, Murilo Mendes e sua
mulher, Maria da Saudade Cortesão, a famosa Cecília Meirelles e seu esposo
Heitor Grillo, o poeta Ascenso Ferreira (ver POESIA). Iam todos visitar Maria Helena
e Arpád Szenes. Eu morava num quarto em cima do deles e descia para ouvir
música de quarteto, as músicas de Debussy, de Bach (ver BACH) e era uma delícia!
Influenciado por essas coisas todas, pelo convívio com esses pintores e artistas,
fui me interessando, cada vez mais, pelas Artes.
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Uma beleza a pintura (ver BELEZA)! Eu travei contato com a pintura quando
vim ao Rio de Janeiro e me hospedei na Pensão Internacional, com a minha mulher
(ver AMOR). Eu tinha acabado de casar, e lá estava um casal famoso de pintores:
Arpád Szenes, que era um pintor de nacionalidade húngara, mas radicado em
Paris, e sua mulher Maria Helena Vieira da Silva, nascida em Portugal, mas
também residente em Paris. Ambos eram muito famosos como grandes pintores, e
tinham fugido de Paris com a ocupação alemã e estavam instalados na Pensão
Internacional em Santa Teresa, para onde me levou o matemático
português Antonio Aniceto Monteiro, que também estava hospedado lá. Também
estava lá Carlos Scliar, um grande pintor brasileiro, e então foi o meu primeiro
contato com a pintura. Eu via lá o Arpád que dava aulas de pintura e tinha alunas
americanas e Maria Helena, separada dele, evidentemente em outro atelier, para
um não influenciar o outro.
(…)