quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Pedido de certidão de óbito do tenente Monteiro e respectiva resposta (21 de Agosto de 1916)


© Família de António Aniceto Monteiro
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«O principal documento que relata os últimos dias de vida do tenente Monteiro é de um tenente coronel de infantaria, João Ortigão Peres(21), ex-chefe do estado maior do corpo expedicionário no sul de Angola, e diz o seguinte:
A ser verdade que, quando partiu, o tenente Monteiro já se encontrava doente e sendo conhecidas as dificuldades que uma tal missão, de vários dias, comportava, só é de admirar que ainda tivesse regressado com vida.
Apesar de algumas imprecisões devidas ao esfumar da memória que a passagem do tempo induz, como a referência a Alves Roçadas que, como sabemos, nessa altura, já não estava em Angola, este relato tem o mérito de informar que, na noite da morte do tenente Monteiro, uma alta patente, provavelmente o próprio Pereira de Eça, esteve em sua casa(*). O episódio mostra até que ponto o estado maior, sediado em Mossâmedes, estava ávido de informações sensíveis da parte de um homem que, por ter trabalhado precisamente nessa zona como topógrafo militar durante vários anos na construção do caminho de ferro, conhecia o terreno como ninguém.» 


(*) Não deve ter sido sequer Pereira de Eça, porque este se encontrava em campanha bem para o interior da região de Mossâmedes nessa data, como se pode constatar ao ler Campanha do sul de Angola em 1915: relatório do General Pereira de Eça. Lisboa: Imprensa Nacional, 1921. Pode ter sido João Ortigão Peres, chefe do estado maior do corpo expedicionário no sul de Angola que estava, provavelmente, em Mossâmedes devido à natureza do cargo que ocupava. Aliás, é ele que relata com maior fidelidade o que se passou.