domingo, 26 de novembro de 2017

«A realidade de hoje é decerto bem mais dura do que a realidade de há dez anos. Eu não sou certamente o homem adequado às circunstâncias… (…) Resistência passiva é a táctica que tenho procurado adoptar e que não pouco me tem custado. (…) foram proibidas as reuniões na faculdade por ordem do ministério.» - carta de Sebastião e Silva para António Aniceto Monteiro, de 24 de Agosto de 1949

(continua)

«Gazeta e Portugaliae. Receio pela vida destas duas revistas. (…) A consolidação destas duas revistas dependerá de resto em grande parte da existência de centros de estudo. (...) O que mais interessa ao desenvolvimento da matemática do nosso país, não é a existência de um ou outro matemático mais ou menos distinto, mas a existência de um grande número de profissionais dedicados ao estudo. Os centros a criar devem centralizar a sua actividade nessa direcção. Estudar, estudar e estudar. Os matemáticos aparecerão como consequência dessas actividades.» - carta de António Aniceto Monteiro para Sebastião e Silva, de 12 de Setembro de 1948

«Este ano tenho tido dificuldades. O meu contrato terminou em 15 de Março e a burocracia aqui é uma coisa espantosa. Estou há seis meses sem vencimentos. (…) Tenho estudado bastante e conseguido alguns resultados que vou começar agora a publicar» - carta de António Aniceto Monteiro para Sebastião e Silva, de 12 de Setembro de 1948

(continua)

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

«Na minha opinião foi essa a principal mudança que se produziu de 1937 a 1947. Não aparece um individuo estudando matemática, aparecem antes vários indivíduos estudando matemática em conjunto e procurando fazê-lo de uma maneira organizada (bem ou mal pouco importa no momento). Isto acontece em Lisboa e no Porto. Este fenómeno também é diferente de aparecerem vários indivíduos estudando matemática simultaneamente.» - carta de António Aniceto Monteiro para Sebastião e Silva, de 12 de Setembro de 1948

(continua)

«O que caracteriza a nova situação que existiu a partir de 1937 é a existência de uma tendência para a organização do trabalho científico no campo da matemática.» - carta de António Aniceto Monteiro para Sebastião e Silva, de 12 de Setembro de 1948

(continua)

«Situação em Portugal. (…) Temos sofrido grandes revezes e a situação tem piorado consideravelmente. A grande maioria dos que trabalhavam na primeira linha estão afastados do país e das escolas. Isto vem aumentar as responsabilidades dos que ficaram em condições de trabalhar. É o que acontece com a sua pessoa.» - carta de António Aniceto Monteiro para Sebastião e Silva, de 12 de Setembro de 1948

(continua)

«O Brasil é um país com reais possibilidades de rápido desenvolvimento no campo da cultura matemática (…) estou convencido que apesar de tudo a cultura matemática no Brasil se está desenvolvendo muito mais rapidamente que em Portugal (…)» - carta de António Aniceto Monteiro para Sebastião e Silva, de 12 de Setembro de 1948

(continua)

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

«Ah, meu caro Doutor Monteiro, que momentos de raiva!» - carta de Sebastião e Silva para António Aniceto Monteiro, de 27 de Fevereiro de 1946


«Um artigo que mandei para a Gazeta de Matemática sobre a Introdução à Álgebra Moderna foi escrito ao som das metralhadoras no quarto do Barroso: a pouca distância tinha-se dado o atentado em que morreram 32 alemães e que determinou o fuzilamento de 320 reféns no dia seguinte» - carta de Sebastião e Silva para António Aniceto Monteiro, de 27 de Fevereiro de 1946

(continua) 
O artigo da Gazeta de Matemática referido por Sebastião e Silva pode ser lido aqui: 
Pequena introdução à Álgebra Moderna — I

«Quando a Itália estava à beira do abismo e aqui se passava fome, mandava para lá dizer “Está-se aqui admiravelmente”, “Óptimas condições de trabalho”, “Roma não será bombardeada”…» - carta de Sebastião e Silva para António Aniceto Monteiro, de 27 de Fevereiro de 1946

(continua)

«O regresso a Portugal é uma ideia que há muito me horroriza: significa o regresso às trevas» - carta de Sebastião e Silva para António Aniceto Monteiro, de 27 de Fevereiro de 1946

(continua)

«A situação dos intelectuais em Itália tornou-se trágica e não sei que desfecho virá a ter» - carta de Sebastião e Silva para António Aniceto Monteiro, de 27 de Fevereiro de 1946

(continua)