sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A guerra no sul de Angola em 1915 (1)


A CAMPANHA
DO SUL DE ANGOLA
em 1915

I
Preparação das operações

Foi num dos primeiros dias do mês de Fevereiro de 1915 que sua Ex.ª o General Pimenta de Castro, Ministro da Guerra e presidente do Governo, me fez o convite para assumir o comando das tropas expedicionárias ao Sul de Angola. Nessa ocasião Sua Ex.ª mostrou-me ser conveniente que, com este comando, acumulasse o cargo de Governador Geral da província.
Se é certo que as funções de comando no ultramar, onde os recursos escasseiam e as necessidades das tropas mais se acentuam, são suficientes para absorverem todas as atenções de quem as exerce, certo é também que, para que esse comando se possa efectuar com os menores atritos e a máxima utilidade, é muito vantajoso que não tenha a sua acção limitada ao campo puramente militar, e pelo contrario, ela se estenda a tudo o que possa interessar ás operações, o que se pôde conseguir fazendo convergir, na mesma pessoa as respon-sabilidades de comando e as responsabilidades governativas.
Assim o têm demonstrado todas as grandes campanhas coloniaes.
Foi por isto, e só por isto, que resolvi aceitar a.acumulação do governo da província de Angola com o comando superior das forças que nela iam operar. Assente pelo governo da Republica que eu me encarregasse da honrosa missão para que me convidou, nas condições que deixo expostas, eu, por minha vez, convidei para meu chefe de estado-maior o major de infantaria, com o curso do estado maior, João Ortigão Peres, lente do referido curso da Escola de Guerra.
Este oficial, com uma verdadeira isenção, com o seu patriotismo, e com a sua dedicação pessoal por mim, aceitou o meu convite, aceitação que Sua Ex.ª o Ministro da Guerra tornou efectiva, nomeando-o para o referido cargo. O primeiro trabalho a que procedemos foi à leitura de toda a correspondência trocada entre o Ministro das Colónias, o Governador Geral da Província, e o então comandante das forças expedicionárias, sr. tenente coronel do serviço do estado maior, Alves Roçadas, afim de ajuizarmos da situação.
Essa leitura levou-me às seguintes conclusões :
1º — Que a acção das forças da Damaraland no combate de Naulila não foi uma acção a fundo, pois não tendo elas efectuado a perseguição das nossas, pouco tempo depois se afastaram da fronteira.

(cortado pela censura)

2º — Que o resultado do combate de Naulila, conjunctamente com a intensa propaganda desde longa data efetuada pelos alemães e com a retirada das nossas forças, teve como consequência natural a rebelião, formal ou latente, de todo o gentio de além Cunene e da região do Humbe.
3º — Que pelas diversas e grandes requisições feitas pelo Governador Geral de Angola e pelo tenente coronel Alves Roçadas se verificava a existência de grandes dificuldades com que se lutava para pôr as tropas enviadas para o Sul de Angola em estado de executarem as operações, dificuldades principalmente derivadas da não existência de uma conveniente linha de étapes, do facto de os grandes reforços para ali enviados, depois, dos acontecimentos de Naulila, não terem sido precedidos, ou pelo menos acompanhados, de tudo quanto era necessário para a sua pronta entrada em acção, e ainda da circunstancia das funções de comando e as funções de Governo não estarem concentradas na mesma pessoa, o que, apesar de exercidas ambas por dois ofíciaes muito distínctos e patriotas, não pôde deixar de traduzir-se em falta de unidade de acção e em perda de tempo.
As duas primeiras conclusões constituíram a base do projecto de operações que apresentei a S. Ex.a o Ministro das Colónias e que foi aprovado com uma ligeira restrição.
A 3ª conclusão forneceu-me elementos para fazer as requisições que julguei necessárias para colocarem as forças do meu comando em condições de realísarem o esforço que lhes havia de exigir, devendo notar que, neste ponto, a leitura da correspondência não me desvendou completamente as dificuldades da situação, que só em Mossamedes pôde bem conhecer.
Uma questão de.alta importância me devia merecer também todo o cuidado, era a questão política internacional, e por isso procurei S. Ex.ª o Ministro dos Negócios Estrangeiros e lhe pedi os necessários esclarecimentos.
A nossa beligerância não estava nitidamente declarada; é certo que tinha havido um ataque efectuado pelas forças da Damaralandia aos nossos postos e às nossas forças, mas era duvidoso se aquelas forças eram regulares e se tinham procedido de motu-proprio, constituindo a sua acção um simples incidente de fronteira, ou se pelo contrario, tinham cumprido ordens do Governo local, ou até do Governo da Metrópole. Também se dizia que o Governo da União da África do Sul tinha encarregado o General Botha de invadir a Damaraland e muito importava saber se este facto se confirmava. Tudo isto se apresentava ao meu espirito por uma forma pouco definida e exigia que me fossem fornecidos dados precisos que me indicassem uma maneira de proceder nítida, clara e franca; doutro modo a acção das forças do meu comando podia vir a exercer-se por forma inconveniente, tanto sob o ponto de vista militar como sob o ponto de vista político.
O certo é que nenhuns esclarecimentos consegui obter de Sua Ex.ª e que parti orientado apenas pelo facto de ter sido aprovado o meu projecto de operações com a restrição a que já me referi e firmemente resolvido a não perder a menor oportunidade de desagravar o mais amplamente possível a honra nacional.
Seja-me permitido registar que a diplomacia portuguesa, sendo, por vezes, de uma indescrição surpreendente, é, noutras ocasiões, de uma reserva tão impenetrável que torna a sua acção inútil para quem nela precisa orientar a sua conducta.
Da leitura dos documentos existentes no Ministério das Colónias e do estudo das cartas do sul de Angola e da Damaraland, poude eu ainda em Lisboa, fazer uma ideia, tão aproximada quanto possível, da situação criada pelos acontecimentos de Naulila e portanto da tarefa que me cumpria realisar, e nela baseei como disse, o meu projecto de operações, em que quaisquer que fossem as modificações a introduzir-lhe in loco, em harmonia com o conhecimento mais directo dessa situação tinha que dominar, como fim geral a atingir, a preocupação de se reocupar o território abandonado ao gentio, ocupar a região do Cuanhama, que sendo nossa in nomine nunca tinha sofrido de facto o nosso domínio e se encontrava desde longa data muito trabalhada .pelos alemães da Damaraland, e principalmente castigar a afronta sofrida em Naulila, recebendo condignamente os alemães se eles tornassem ao nosso território, ou passando as nossas tropas a fronteira, para os atingir onde mais conviesse, prestando, em qualquer dos casos, um muito valioso concurso aos nossos aliados da África do Sul.
Tanto do exame das cartas, como do conhecimento de trabalhos de valor executados por distintos oficiais como, por exemplo, os de Eduardo Costa, Alves Roçadas, Eduardo Marques, e João de Almeida, eu concluí que tinha de escolher para base de operações o Humbe, que pela sua situação estratégica, para tal fim se impunha, pois, encontrando-se coberta pela linha defensiva do Cunene, está ao mesmo tempo, no centro das comunicações, que do planalto de Mossamedes se dirigem para o Evale, Cuanhama, Cuamato, Dongoêna, e portanto nas melhores condições para dali se proceder à submissão do gentio revoltado, e pela sua conveniente distancia à fronteira, para aí se basearem operações, quer ofensivas, quer defensivas, contra os alemães.
Nessa, região devia eu portanto fazer a concentração do grosso das minhas forças, mas impunha-se-me também a obrigação de ter devidamente observada a linha de penetração que do posto de Cuangar se estende pelo vale do Cubango em direcção ao posto A, para daí se dirigir por Cassinga ao planalto de Mossamedes ou internar-se no distrito de Benguela e a linha que do Cunene mais directamente se encaminha para o referido planalto, isto é, a linha Otchinjau-Pocolo-Chibia-Lubango.
Certo era que tudo indicava que no caso de nova incursão alemã, por qualquer destas linhas só se poderia esperar ligeiras demonstrações, para nos obrigagarem a dividir as nossas forças, visto as duas primeiras linhas serem muito extensas, excêntricas e em que o inimigo quanto mais se internasse mais perigos correria, e a terceira atravessar terreno difícil e ser facilmente cortada por qualquer movimento de flanco executado peias tropas que se deslocassem do Humbe, ou de qualquer outro ponto conveniente da linha que liga esta região com o planalto de Mossamedes.
O que era porem incontestável era a necessidade de fazer ampliar no Humbe as operações dum efectivo que não deveria ser inferior a uns 6 a 7.000 homens e uns 3.000 solipedes, para o que se tornava necessário prover o estabelecimento de uma solida linha de étapes de uns 600 kilometros de extensão, e a necessidade de igualmente ter tropas nas linhas de Cubango de Otchinjau-Pocolo, de muito menor efectivo, mas exigindo também a montagem de linhas secundárias de étapes com menores recursos, mas sendo a do Cubango ainda mais extensa que a linha principal.
Todas estas considerações acrescidas com o conhe-mento de que nos últimos 4 anos tinha havido grande falta de chuvas no sul de Angola, portanto aí dominava a fome, me levaram a mesmo aqui em Lisboa, considerar como questão capital para a honrosa, mas difícil missão que me fora confiada, a dos abastecimentos e dos respectivos transportes, devendo estes últimos ser o mais rápido possível porque a estreiteza de tempo que se tinha para realizar as operações, derivada da pressão inglesa exercida na Damaraland, que naturalmente atiraria com os alemães, para a nossa fronteira, e da necessidade de dar ás mesmas operações a maior amplitude antes do começo das chuvas (fins de setembro) assim o exigia. Por isso perfilhei todas as requisições de viveres e transportes que se encontravam no Ministério das Colónias ainda por satisfazer, completei-as como julguei conveniente, reservando-me para, de Angola, as modificar, se o entendesse necessário, insisti pela aquisição imediata de 80 camions automóveis e 750 carros alentejanos, requisitados com urgência pelo Governador Geral, Norton de Matos, exigi que, partindo eu em 5 de Março tivesse em Mossamedes em l de Abril, viveres para 4 meses e metade dos transportes requisitados e em l de Maio viveres para 6 meses e a totalidade desses transportes, tencionando montar devidamente as linhas de étapes logo que chegasse, a Mossamedes, Principiaria em Abril a escalonar os víveres pelos respectivos postos, completaria em Maio o abastecimento dos depósitos principaes de Lubango, Gambo e Humbe e no fim desse mês, ou princípios de Junho, poderia iniciar as operações de Alem-Cunene com todo o desembaraço.
Infelizmente as promessas feitas de cumprimento destas exigências não foram cumpridas com o rigor e a pontualidade requeridas, apesar da minha constante insistência, e daí resultaram as dificuldades com que lutei durante toda a minha estada em Angola e que no decurso deste relatório resaltarão!
Tendo embarcado no África em 5 de Março, desembarquei em Loanda em 21 desse mês, tendo assumido, neste mesmo dia, o Governo da província, imediatamente principiei a ocupar-me com o maior ardor de tudo o que interessava as operações e ali podia tratar pensando contudo em prolongar o menos possível a minha estada nessa cidade; porque estava verdadeiramente ansioso de seguir para o Sul, afim de poder de visu conhecer a situação. Não foi porem de pouca utilidade a minha demora em Loanda.
Da troca de impressões com o secretário geral e com os governadores dos distritos do Congo e Lunda, colhi a confirmação de que os acontecimentos de Naulila tinham tido a natural repercursão não só no gentio do sul mas também no de toda a província que, por numerosos indícios, revelava mais ou menos declaradamente o seu espirito de rebelião, o que me levou a recomendar a esses governadores, e depois por escrito, a todos os dos outros distritos, que procurassem comtemporisar e fazer face a qualquer manifestação mais evidente da rebeldia com os recursos próprios, que o reflexo dos futuros acontecimentos do sul muito contribuiriam para o restabelecimento da quietação em toda a província. Da revista que passei ás tropas estacionadas em Loanda (1 bateria de artilharia de montanha e 1 companhia de infantaria 20) e da forma como as vi realisar vários exercícios colhi as melhores impressões, a respeito do seu aprumo, disciplina e instrução.
(...)

Pereira de Eça, Campanha do Sul de Angola em 1915. Lisboa, Imprensa Nacional, 1921 (109 páginas). O fragmento aqui reproduzido é das páginas 57-63.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A guerra no sul de Angola em 1914 (2)

(...)
A crítica condena, por todas as razões, a dispersão das poucas forças expedicionárias de que se dispunha, por pontos longínquos em relação ao Cunene.
O facto é tanto mais estranho quanto é certo que a decisão de mandar para o Pocolo a divisão de artilharia e para Ediva-Otchinjau-Otchitoto a 11ª companhia do B.I.14, foi tomada já em face da missão que nos propúnhamos realizar — opor-se aos Alemães no Cunene.
E desde que íamos para o Cunene, mandava a lógica que não nos enfraquecêssemos, por este lado, de um quarto de infantaria e metade da artilharia expedicionárias. Ficaria no Pocolo a protecção habitual que já lá estava, isto é, a lª companhia europeia de infantaria de Angola, com um dos seus pelotões em Otchinjau, e mais nada. Que solução milagrosa ia levar ao Pocolo uma divisão de artilharia, à custa da inutilização da única bateria que se tinha digna deste nome?
Porque a dispersão de forças à última hora, sem o mais leve factor novo de decisão que levasse a considerar o avanço de forças alemãs, de importância ou não, pelo lado Otchinjau-Pocolo?
Perante a situação que se lhe apresentava e em face dos diminutos meios de acção de que dispunha, o comandante teria a tomar uma resolução geral definitiva, acto essencial da sua vontade, sobre a forma de conduzir e empregar o pequeno agrupamento expedicionário, sabendo o que queria, como queria e por que queria.
O chefe não tinha que aguardar indefinidamente uma última palavra sobre a situação para traçar a conduta geral de emprego do referido agrupamento. Disse Clausewitz: «A guerra é o campo das incertezas». Esperar, para adoptar uma decisão de ordem geral, que todas se dissipem, é arriscar-se a um fatal e nocivo atardamento.

No sul de Angola, a situação de contacto com a Damaralândia deu lugar a preocupações levando a curiosos voos de imaginação.
Pessoas chegavam a ver colunas de Alemães a invadirem o território, através do Baixo Cunene, em várias direcções, após marcha de centenas de quilómetros por precárias vias de comunicação, em travessia rápida das estepas sem fim do norte da Damara, queimadas pelo sol ardente do deserto Namib e áreas kalaharianas, a caminho do planalto ou caindo sobre Moçâmedes!
Arquitectavam, com uma facilidade admirável, disparatados raids à Jameson ou mesmo golpes da natureza dos que mais tarde Von Lettow Vorbeck levou a efeito na África Oriental, noutras condições totalmente diferentes.
Fez-se realizar por competentes oficiais — o capitão Albano de Melo e tenente António Ribeiro Monteiro — o reconhecimento militar do Baixo Coroca, no litoral atlântico, bem como o estudo do acesso possível de forças, invasoras às regiões do Otchinjau através dos contrafortes, da Chela e, em sentido inverso, da viabilidade de uma corrente desembocada do Swartboy Drift ir despenhar-se pelos desfiladeiros da serra, a caminho de Porto Alexandre e Moçâmedes.
E no seu novo plano (1), em face da situação resultante do incidente de Naulila, prescreve o comandante das F.O.:

«Estabelecimento de uma linha (?) de defesa fixa que compreende o triângulo Moçâmedes-Porto Alexandre-Coroca, no litoral, e Chibia-Pocolo-Gambos ou Ediva, no planalto».

Por outro lado, a oeste da Chela, toma vulto uma certa confusão, em que vemos envolvidos, aquele comandante, o governador de Moçâmedes. e o governo geral.
Porque interessa ao nosso estudo, vamos referir os traços principais de algumas das muitas directivas e comunicações que foram trocadas entre as três entidades e que traduzem o ambiente.
Do comandante das F.O. para o governador de Moçâmedes :

«...O serviço de vigilância convém seja estabelecido sobretudo na direcção da foz do Cunene, na do vale do Coroca e na do vale do Béro» (2).

O governador-geral faz transmitir ao governador de Moçâmedes:

«Referência nota 133, de 19; Geral recomendar defesa especialmente Moçâmedes, caminho de ferro e vias acesso este para planalto. Não concordar estabelecer postos Popochiva e Damba Carneiros evitar dispersão forças. Proximidades Porto Alexandre deve ficar força cavaleiros explorando caminhos Papochiva, Damba Carneiros. Estação telegráfica Porto Alexandre deve ser ocupada militarmente. Caso ataque forças superiores, deve abandonar Porto Alexandre avisando telégrafo Moçâmedes. Auxiliares montados possa obter, duas patrulhas oficial existentes, além um corpo de camelos que deve ser constituído desde já aproveitando os existentes, vigiarão caminhos» (3).

O governador de Moçâmedes encarrega o tenente António Ribeiro Monteiro (4) de, conciliando as directrizes recebidas do comandante das F.O. e do governador-geral, realizar o dispositivo de defesa de aí resultante, que vem a, ser:

Ocupar militarmente a estação telegráfica de Porto Alexandre, a qual deveria ser abandonada e prevenido o governador de Moçâmedes telegràficameute, no caso de ataque por forças superiores (não se lhe diz como, nem por onde se faria a evacuação em tal caso); e bem assim montar a exploração dos caminhos de Popochiva e da Damba dos Carneiros, coordenada com uma vigilância afastada no rio dos Elefantes e na Damba das Víboras (aqui por iniciativa do tenente Monteiro), confluências do Cunene.

O comandante das F.O. não simplifica, dirigindo ao governador de Moçâmedes o seguinte telegrama:

«Julgo indispensável organização posto Coroca no local indicado brigada reconhecimentos, um dos itinerários atribuídos Alemães é: vau Erikson Drift-Foz dos Elefantes-Otchiqueque-Popochiva-Porto Alexandre» (5).

O governador de Mocâmedes encarrega o tenente Francisco Maria Rodrigues, comandante do destacamento da 2ª companhia europeia, da defesa próxima de Mocâmedes contra o avanço de forças inimigas pela estrada Chacuto-Moçâmedes, pelo vale do Béro ou pelo caminho de Porto Alexandre.

«Para qualquer dos casos, não dispondo de forças algumas, só pode V. Ex.ª contar com os auxiliares e voluntários, habitantes de Moçâmedes, que de antemão tenha preparado e combinado para em caso de necessidade se reunirem e marcharem para guarnecer qualquer dos postos avançados.
«Deve para isso V. Ex.ª, com urgência, percorrer o rio Béro para além da fazenda do agricultor Torres e escolher a posição adequada para a construção dum entrincheiramento improvisado, simples, e seguidamente proceder da mesma forma para a defesa do vale do Giraul, para o caso de ataque de forças vindas de Porto Alexandre. Para poder armar o maior número possível de voluntários, fica V. Ex.a autorizado a fazer recolher todas as espingardas aperfeiçoadas dos particulares e distribuí-las a auxiliares que se ofereçam, quando os seus donos não possam prestar serviço. De igual forma procederá V. Ex.ª quanto ao armamento existente na 4ª Companhia de Depósito, contando contudo com o indispensável para as praças impedidas nos diversos serviços» (6).

O mesmo governador encarrega ainda o alferes António Henriques da

«defesa da linha férrea de Moçâmedes a Vila Arriaga e do estabelecimento de comunicações para o sul da mesma linha (?) até aos Cubais. A defesa da linha férrea será feita com dois postos...» (7).

Não fatigamos mais o leitor. Basta o que acabamos de ler para avaliar o lamentável ambiente que a visão exagerada e infundada de forças alemãs chegou a gerar em Moçâmedes.
O governador, em face das directivas, por vezes discordantes, que recebe do comandante da expedição e do governo-geral, patenteia a sua confusão e mesmo inquietação nas ordens dadas e nas comunicações para estas entidades dando conta do que fez e do que vai fazer.
Colocado entre o comandante das F.O. e o governador-geral, preso do receio de uma ofensiva alemã, não dispondo, porém, de tropas para realizar medidas de defesa, o governador de Moçâmedes foi, certamente, das três entidades, a de mais difícil situação.

Quem conhece as terríveis condições que o deserto ditava a um avanço de forças invasoras pela faixa litoral, assim como os riscos que correria o inimigo que deixasse o planalto e, aventurando-se pelos desfiladeiros — ratoeiras da Cheia — fosse enterrar-se nas areias do Namib com o fito de -alcançar Porto Alexandre e Moçâmedes, fica, na verdade, admirado da confusão que se gerou.
E afinal, além de uma cobertura tranquilizadora em Porto Alexandre, a principal providência a tomar reduzia-se a preservar, por guarda e por vigilância directa e indirecta, a linha férrea de Moçâmedes, de sabotagens intentadas mais por elementos internos traidores, da raça do boer Duplessis, do que por destacamentos alemães invasores.
A protecção eficaz da linha férrea contra golpe de mão era uma medida, embora aparentemente simples, difícil na realização, por falta de forças.
Em Moçâmedes fez imensa falta um verdadeiro comandante militar.

Vêm a propósito duas palavras sobre o papel e importância de Moçâmedes na defesa.
Então e sempre, no quadro das operações terrestres realizadas no Sul de Angola, ou seja contra indígenas insubmissos ou contra os Alemães invasores, o porto de Moçâmedes tem desempenhado um importante papel.
Base do caminho de ferro e base litoral única do distrito da Huíla, tem-lhe cabido a função de receber reabastecimentos de toda a espécie e expedi-los pelo caminho de ferro. Porto de desembarque e de evacuação; estação depósito.
Mas o caso em que a sua importância atingiria a mais alta sensibilidade não era aquele de que se tratava em 1914, mas sim o de uma ofensiva alemã sobre o planalto vinda do Sudoeste, conjugada com outra para a posse de Moçâmedes. Ao passo que Sá da Bandeira seria o objectivo final das operações terrestres do invasor para o domínio do planalto, Moçâmedes seria o primeiro objectivo da sua acção sobre a costa.
No quadro das operações terrestres do defensor, Sá da Bandeira e Moçâmedes aparecem-nos então como intimamente ligadas.
De facto a queda de Moçâmedes representa a queda do caminho de ferro, a queda automática da costa, com Porto Alexandre e Baía dos Tigres; representa a impossibilidade de utilizar a linha de comunicações por esse porto; sujeita Sá da Bandeira a uma incursão desse lado; enfim, põe o defensor na delicadíssima situação de, ou face ao Cunene ou face ao oceano, ter o adversário nas costas, obrigando assim à divisão de forças.
Em tais circunstâncias, impor-se-ia ao defensor a instante necessidade de diminuir, quanto possível, a sensibilidade de Sá da Bandeira em relação à sorte de Moçâmedes.
Como? Mudando a sua linha de comunicações.
Nunca, nesta forma das operações, seria prudente contar com utilizar Moçâmedes como base marítima definitiva. Deve estar previamente estudada a outra linha de comunicações e tudo preparado para a sua adopção no momento julgado oportuno, inclusive a devida ocupação de Mulondo e Capelongo desde o início das operações.
Os transportes seriam então à base de camionagem.

Não se deve exagerar o perigo, para o planalto defendido e com o caminho de ferro destruído, de uma agressão empreendida, do lado de Moçâmedes, por um inimigo desembarcado.
É que entre o planalto e este porto há o formidável obstáculo da Chela. Barradas as suas poucas e difíceis passagens com alguma artilharia e armas automáticas, nenhumas forças lá passariam. É a verdadeira chave da defesa contra um ataque partindo do litoral. Moçâmedes tem poucas condições de defesa, a qual, no entanto, deve ser efectivada pela forma e com os meios definidos no dispositivo geral da defesa da costa da província, O plano de defesa de uma província ultramarina como é Angola, com fronteiras terrestres e marítimas, tem sempre duas partes — contra a agressão pelas fronteiras terrestres e contra a agressão vinda do mar. E a parte essencial desta última é a defesa dos portos.

O caso concreto de 1914 era, porém, inteiramente diferente. A situação dos Alemães era crítica, as possibilidades de conquista nenhumas. Não era de encarar uma ofensiva pelo Cunene sobre o planalto, nem um ataque por mar sobre Moçâmedes.
(...)

(1) Comunicado ao Governador de Moçâmedes por sua extensa nota nº 32, de 3-Nov.-1914.
(2) Sua nota nº 32, de 3-Nov.-1914.
(3) Telegrama do C.E.M. de Angola, n° 654, de 24-Nov.-1914.
(4) Suas instruções para o ten. Monteiro, de 10-Dez.-1914.
(5) Seu telegrama n° 136, de 14-Dez.-1914.
(6) Nota n° 416/66, de 16-Dez.-1914.
(7) Suas instruções para o alferes, de 16-Dez.-1914.

Ernesto Machado, No sul de Angola. Lisboa, Agência Geral do Ultramar, 1956 (450 páginas). O fragmento aqui reproduzido é das páginas 312-320.
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Notas:
Recordemos que
«no final de 1914, os alemães invadiram o sul de Angola. A 18 de Dezembro de 1914, em virtude de opções tácticas erradas, Alves Roçadas é derrotado em Naulila pelas tropas alemãs»,
e ainda que
«Em 1914, quando se organizou a primeira expedição a Angola, para defender o sul da colónia, que fazia fronteira com a colónia alemã do Sudoeste Africano, Roçadas foi escolhido para a comandar. O incidente de Naulila, nas margens do Cunene, perto da fronteira entre as duas colónias, incidente entre forças militares portuguesas e alemãs, acontecido em 18 de Outubro, fez com os alemães atacassem o posto isolado de Cuangar, nas margens do Cubango. Alves Roçadas decidiu então, com as poucas forças de que dispunha, atravessar o Cunene e procurar as forças alemãs que tinham entrado no território português. Mas foi derrotado em Naulila, em 18 de Dezembro, e obrigado a atravessar o Cunene e o Caculevar, concentrando-se à volta do Forte Gambos. Devido a esta retirada os povos do Humbe revoltaram-se. Alves Roçadas foi, por isso, chamado a Portugal, embarcando em princípios de Maio de 1915.»

Ver neste blogue: Naulila, Alves Roçadas.

Fragmento de «Angola: apontamentos sôbre a colonização dos planaltos e litoral do Sul de Angola, extraídos de documentos históricos»

(...)
Para o sul do Bero e oeste do Cubai existiam os corocas, que os diversos cronistas classificam diferentemente. Assim: Lopes de Lima (...) diz que a aldeia estabelecida no rio Bembarougue é de mucubais; Pedro Alexandrino da Cunha no seu relatório diz parecer-lhe que «são colónias de mondombes, dos quais têm a língua e costumes...», e Brochado (...) diz que «a origem da raça Croque foi primitivamente de mondombes que se aliaram com os muximbas, e conquanto ainda conservem alguns indícios da sua origem, tem uma linguagem bastante estranha pela abundância de sons guturais e nasais, sendo desconhecida, por isso que se ignora a dos muximbas», o que mais tarde confirma (...) depois de conversar com a tal preta dos 130 anos.
Nenhuma destas informações condiz com aquela que presta o reverendo Hahn na carta que está apensa ao relatório do secretário do Governo de Mossâmedes, Sebastião Nunes da Mata confirmada pelo reverendo Bonnefoux e mais recentemente pelas informações obtidas pelo falecido tenente Monteiro, em serviço no pôsto de vigilância no Coroca.
(...)

Alfredo de Albuquerque Felner, Angola: apontamentos sôbre a colonização dos planaltos e litoral do Sul de Angola, extraídos de documentos históricos. Lisboa, Agência Geral das Colónias, 1940 (313 páginas). O fragmento aqui reproduzido é da página 126.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A guerra no sul de Angola em 1914 (1)


(...)
Paralelamente aos serviços, que ia prestando o emissário José Guerreiro, homem que, pelos parentescos que tinha no país dos Cuambis e relações com o respectiva soba, estava em óptimas condições de nos obter informações sobre a Damaralandia, como de facto obteve, exercia no próprio território dos Cuanhamas idênticas funções o sertanejo Fraga, um dos mais destemidos e desembaraçados portugueses que temos encontrado em África.
Valente até a temeridade, fecundo em expedientes, com um predomínio supersticioso entre o gentio, com quem lida, conhecedor da região de Cuanhama, do carácter do soba e dos lengas principais que lhe formam a côrte, o Fraga foi um dos mais valiosos elementos de que lançámos mão, como agente de informaçâo.
Pena foi que os seus arriscados trabalhos não tivessem podido ser aproveitados, visto o grande contratempo que, como adiante teremos ocasião de ver, nos transtornou por completo o plano que havíamos delineado.
Mas não foi só o serviço de informações que nos prendeu, logo desde começo, a atenção.
O reconhecimento militar do baixo Coroca, no litoral de Mossâmedes, e o estudo do seu acesso possível às regiões de Otchinjau, através dos contrafortes da Chela, foi um dos problemas que também tratámos de confiar a dois oficiais, qual deles mais competente por vários motivos, entre os quais o da prática já de semelhantes trabalhos em África: capitão Albano de Melo e tenente Monteiro, este último há pouco falecido em virtude das agruras sofridas.
O objectivo imediato destes estudos era encontrar uma posição militar que fechasse o acesso do baixo Cunene a Porto Alexandre e a Mossâmedes, e verificar se era possível pôr em ligação a força que porventura viesse guarnecer aquela posição com as futuras forças do sector de defesa do Pócolo.
Outros estudos de reconhecimento foram mandados efectuar mais tarde em outras regiões, e de que tratamos na devida altura.
(...)

Alves Roçadas, Relatório sobre as operações no sul de Angola em 1914. Lisboa, Imprensa Nacional, 1919 (350 páginas). O fragmento aqui reproduzido é das páginas 111 e 112.


Nota: Os acontecimentos aqui relatados referem-se ao início de Novembro de 1914, como veremos. Recordemos que «no final de 1914, os alemães invadiram o sul de Angola. A 18 de Dezembro de 1914, em virtude de opções tácticas erradas, Alves Roçadas é derrotado em Naulila pelas tropas alemãs». Ver neste blogue: Naulila, Alves Roçadas.

sábado, 25 de dezembro de 2010

«Penso que no exterior o que é fundamental é apoiar as directivas da frente interna de resistência»: carta de 6 de Julho de 1961

Bahía Blanca, 6 de Julho 1961


Dr. Manuel Sertório
R. Manuel de Nóbrega, 63
São Paulo - Brasil

Prezado Dr. Sertório:

Desculpe o atraso com que respondo à sua carta mas estive doente com uma gripe, que me deixou bastante abalado e com a minha correspondência bastante atrasada.
Pode pôr o meu nome entre o das pessoas que assinam a declaração a ser enviada aos governos de todos os paises membros da ONU.
Também lhe agradeço a nota da Comissão de Inter-ligaçao sobre a qual lhe escreverei mais adiante.
Vou ver se consigo outra assinatura para a declaração.
Apesar de que não sou nem escritor nem politico profissional vou tentar escrever um artigo para o Portugal Democrático sobre problemas políticos. Dada a minha falta de experiência nestes assuntos, penso enviar o artigo em questão a alguma pessoa entendida para que opine sobre ele. Há 11 anos que estou completamente isolado das coisas portuguesas e só agora, desde que está aqui o Ruy, é que tenho mais algumas notícias, além das que leio em Portugal Democrático. De um modo geral penso que no exterior o que é fundamental é apoiar as directivas da frente interna de resistência.
O Galvão acabou por revelar-se completamente como um autêntico colonialista nos 3 artigos que escreveu num diário de São Paulo. Para mim as reticências que ele punha à primeira redacção da declaração tinham um significado perfeitamente claro e por isso mesmo não quis assinar a segunda redacção.
As mais cordiais saudações, com os melhores agradecimentos, do companheiro e amigo



Ler Angola e António Aniceto Monteiro
Neste blogue: Angola

«Estamos frente a uma guerra colonial que só terminará com a derrocada do fascismo»: carta de 29 de Maio de 1961

Bahía Blanca, 29 de Maio de 1961


Dr. Manuel Sertório
R. Manuel de Nóbrega, 636
São Paulo - Brasil

Prezado Dr. Sertório:

Recebi a sua atenta carta do 13 de Maio quo muito lhe agradeço. Hoje chegou a sua carta para o Prof. Ruy Gomes com a nova redacção da declaração sobre o problema colonial, que ele me comunicou a seu pedido.
Quero comunicar-lhe que pode pôr o meu nome entre o das pessoas que assinam a declaração em questão e que consta de três pontos. Agora desapareceram todas as reticências que lhe tinham proposto, como me diz na sua carta; o que de resto já sabia pelo Ruy. Talvez seja oportuno recordar as seguintes palavras de um destacado líder político, já falecido:
“La oposición burguesa es precisamente eso, burguesa y oposición, porque no lucha ella misma, no tiene un programa que pueda ser defendido incondicionalmente, sino que aparece en medio de las partes contendientes (el gobierno y el proletariado revolucionario más unos cuantos intelectuales que lo apoyan), porque cuenta con aprovecharse del resultado de esta lucha.” etc. Vea Vol. 7, pag. 510 (V. L.) porque é um artigo muito interessante.
A situação em Angola agrava-se cada vez mais. Os jornais já falam de 25.000 mortos (negros); mobilizaram em Portugal, segundo me informa Ruy, a classe de 1958. Estamos frente a uma guerra colonial que só terminará com a derrocada do fascismo e a instauração dum governo provisório revolucionário; a menos que se consiga interromper a guerra pela intervenção da ONU.
Envio-lhe as minhas melhores saudações, com os meus melhores agradecimentos pela atenção dispensada



Ler Angola e António Aniceto Monteiro
Neste blogue: Angola

«Sobre o problema da auto-determinação dos povos coloniais não pode haver nenhuma espécie de reticências»: carta de 24 de Abril de 1961

Bahía Blanca, 24 de Abril de 1961

Dr. Manuel Sertório
R Manuel de Nóbrega, 636
São Paulo. Brasil

Estimado Dr. Sertório:

Recebi a sua atenta carta de 13 de Abril, que muito lhe agradeço. Esta carta não continha o documento sobre o problema colonial, cujo envio me comunicava. É portanto impossível opinar sobre o mesmo. Entretanto tenho aqui à mão uma declaração sobre o problema colonial, que a Comissão de Inter-Ligação enviou ao Prof. Ruy Gomes em 30 de Março. Trata-se de um documento com uma orientação essencialmente distinta da declaração impressa à qual enviei a minha adesão na carta que lhe escrevi em 23 de Março.
Devo dizer-lhe que não assinarei a declaração de 30 de Março anteriormente indicada, porque o problema da autodeterminação dos povos coloniais está posto em termos ambíguos.
Em primeiro lugar se reconhece o direito à irrestrita auto-determinação, mas logo a seguir se agrega “sob as necessárias garantias de exercício desse direito em condições humanamente progressivas, etc.” o que pode significar, por exemplo, que os povos coloniais terão que esperar mais alguns séculos para que se lhes reconheça esse direito.
Para tomar outro ponto com o qual estou em desacordo basta citar o artigo 6°) com cuja redacção discordo totalmente. Está completamente errado sob o ponto do vista político e histórico. Usa o tom dum patrão a falar para um escravo.
Por outro lado a parte final do artigo 5°) da declaração impressa à qual tinha enviado a minha adesão foi completamente suprimido o que é deveras lamentável. Sobre o problema da auto-determinação dos povos coloniais não pode haver nenhuma espécie de reticências. Depois de uma política de opressão, escravidão e extermínio que durou séculos, o governo iniciou actualmente uma guerra de extermínio em Angola e outras colónias, que é necessário condenar nos termos mais enérgicos apoiando os povos coloniais na sua luta pela independência nacional.
Volto a manifestar o meu apoio à redacção da declaração impressa.
Comunico-lhe também o meu apoio ao documento enviado ao Prof. Ruy Gomes, em 30 de Março de 1961, pela Comissão de Inter-Ligação, de apoio à declaração de 10 de Fevereiro subscrita por 160 democratas. As palavras da primeira linha “residentes no Brasil”, devem ser substituidas por “residentes no estrangeiro” ou “residentes no Brasil, Argentina, etc.” Tal e qual como está pode pôr o meu nome entre os que estão decididos a assiná-la.
Enviando-lhe as melhores saudações democráticas, subscrevo-me com a maior consideração e respeito



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António Monteiro
Barrio Universitário, casa 12
Bahía Blanca. Argentina

“Nenhum povo pode ser livre se oprime outro povo”: carta de 23 de Março de 1961 a propósito do início da guerra em Angola

Bahía Blanca, 23 Março 1961


Dr. Manuel Sertório
R. Manuel de Nóbrega 636
São Paulo.

Estimado Dr. Sertório:

O Professor Ruy Luís Gomes mostrou-me um projecto de declaração sobre o problema das colónias portuguesas e disse-me que estariam interessados em conseguir assinaturas para o referido documento.
Por esse motivo escrevo-lhe para manifestar o meu completo acordo com os termos da declaração e para comunicar-lhe que podem pôr o meu nome entre o das pessoas que estão decididas a assiná-la.
Disse-me o professor Ruy Gomes que poderia apresentar qualquer sugestão que achasse conveniente. Creio que não é suficiente condenar o envio de forças armadas para os territórios coloniais e que se deveria também reclamar que se retirem todas as tropas de repressão enviadas nos últimos tempos. Ao mesmo tempo convém declarar que a responsabilidade de todos os sucessos que ocorram nas colónias recai inteiramente sobre o governo de Portugal e serão uma simples consequência da sua política de repressão que se pode contrapor à atitude dos diversos movimentos para a independência das colónias que reclamam insistentemente negociações pacíficas.
Se não tivesse nascido na colónia de Angola assinaria também o mencionado documento porque penso que “nenhum povo pode ser livre se oprime outro povo”.
Subscrevo-me com a maior consideração e respeito




António Aniceto Monteiro
Barrio Universitário, casa 12
Bahía Blanca, Argentina.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Angola

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Uma rua na freguesia do Campo Grande (Lisboa)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

REMINISCÊNCIAS DE UM EX-DIRETOR - UM DEPOIMENTO DE MEMÓRIA, por Antônio Rodrigues (INSTITUTO DE MATEMÁTICA - UFRGS)

«Ocorreu que no verão de 1947 ou 1948, apareceu, de repente, em gozo de férias em Porto Alegre, o professor português, natural de Angola, Aniceto Monteiro que, na ocasião, lecionava na Faculdade Nacional de Filosofia e, além de autor de um dos Cadernos de Análise Geral, escrevera uma Aritmética Racional muito original, em cuja capa, bem no centro, se lê 1 + 1 = 10, fato que me permitiu adquiri-la pela metade do preço porque o livreiro não se conformava com tal asneira e o livro lhe parecia estar errado. Quem soube dessa permanência foi o Cabral (Prof. Antonio Estevam Pinheiro Cabral), meu aluno de bacharelado naqueles tempos, que propôs que convidássemos o Prof. Monteiro a fazer umas palestras sobre Topologia, tendo eu sugerido que o assunto fosse o desenvolvimento histórico e as idéias básicas desta ciência, em cinco exposições.
Barramos, porém, com uma dificuldade inicial para formalizar um convite oficial quando o diretor da Faculdade de Filosofia, que de início havia aprovado a idéia, soube por mim que o Prof. Monteiro saira de Portugal por ser da oposição ao governo Salazar e além disso se achava hospedado em um sítio do Scliar em Viamão, fatos que deram ao assunto uma conotação de esquerda. Restou-nos contornar o problema através de uma audiência com o Senhor Magnífico Reitor, Prof. Armando Câmara, líder católico ferrenho, que exigiu sabatinar o Prof. Monteiro em assuntos políticos e econômicos. Lembro-me bem de uma pergunta feita sobre o que achava ele de Salazar e da resposta seca e imediata de que Salazar, como professor de Economia, na Universidade de Coimbra, tinha sido um fracasso. Afinal, saímos com a permissão do Reitor para as cinco conferências de Topologia, sem nenhum custo para a Universidade, a serem feitas na sala da Congregação da Faculdade de Direito e que estava em reformas. O Cabral, na despedida ao Reitor, pediu que o Prof. Monteiro assinasse o Livro de Ouro dos visitantes, pedido que me parece não ter sido negado, o que pode ser comprovado se o livro ainda existisse.
E assim, debaixo de marteladas, porque o carpinteiro se negou a interromper o serviço de reparar os defeitos das janelas, realizaram-se numa semana muito quente de janeiro, essas palestras que me escancararam as portas desse mundo maravilhoso que é a Topologia e a Álgebra Moderna. Encerro este episódio com a observção do Prof. Monteiro sobre o reparo que fiz a propósito da pequena freqüência às aulas que de razoável (umas vinte pessoas) no início havia caído para duas ou três pessoas no final: em Paris, durante meses, fui aluno único de Frechet (autor da tese "Os Espaços Abstratos"). O Prof. Monteiro escreveu, ainda em Viamão, umas notas sobre Filtros e Ideais que foram publicadas pelo IMPA.»
REMINISCÊNCIAS DE UM EX-DIRETOR - UM DEPOIMENTO DE MEMÓRIA, por Antônio Rodrigues (INSTITUTO DE MATEMÁTICA - UFRGS)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ayer / ontem

Arriba: Adriana Balsamello (esposa de Fernando), Luiz Monteiro, Fernando Monteiro, Marcela Monteiro
En el medio: Sara (esposa de Luiz), Lídia Monteiro, Ignacio (hijo de Marcela )
Abajo: Thomás Monteiro, Gerónimo Monteiro (hijos de Fernando), Nicolás (hijo de Marcela)

domingo, 31 de outubro de 2010

D. Lídia Monteiro, hoje: 100 años / 100 anos

El ramo de flores lo envió la SPM
O ramo de flores foi enviado pela SPM (Sociedade Portuguesa de Matemática)

sábado, 30 de outubro de 2010

D. Lídia Monteiro

D. Lídia Monteiro completará 100 anos amanhã, domingo, dia 31 de Outubro.
Fotografia de D. Lídia Monteiro com 99 anos e 1 dia, em Bahía Blanca, Argentina, onde vive.
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Ver, neste blogue:
Lídia Monteiro

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

domingo, 24 de outubro de 2010

António Aniceto Monteiro no portal do Governo da Argentina

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Profesor Antonio Aniceto Monteiro - www.buenosaires.gob.ar

«El Profesor Antonio Aniceto Monteiro fue uno de los más importantes matemáticos portugueses. Exiliado por el régimen de Salazar, en el Brasil y después a Buenos Aires, donde contribuyó de forma extraordinaria para el desarrollo de la matemática en estos países.
En febrero de 1945 embarca para Río de Janeiro para dar clases en la facultad nacional de Filosofía, cargo para el cual fue recomendado por nombres como Albert Einstein, John von Neumann y Guido Beck.
En 1949, parte para Argentina. Primero trabaja en Buenos Aires, luego en la Universidad de Cuyo, donde co-funda el Departamento de Investigaciones Científicas y el Instituto de Matemática, que fue reconocido como el centro matemático más importante argentino de aquella época.
En 1957, el Profesor Monteiro se establece definitivamente en la Universidad del Sur, en Bahía Blanca, donde crea la biblioteca que hoy lleva su nombre y que continúa siendo una de las mejores de América Latina en el área de la Matemática.
Por ironía de la Historia, en 1976, en plena dictadura militar argentina, fue vetada la entrada al Matemático Portugués en la Universidad de Buenos Aires.»
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Nota: Esta é a informação que consta do referido portal. Para ler uma informção exacta e completa ver a CRONOLOGIA.

PRÉMIO ANICETO MONTEIRO 2009-2010, atribuído pelo Colégio Militar

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PRÉMIO ANICETO MONTEIRO:
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8º ANO:
Aluno nº 135 – ARTUR MIGUEL FREIRE NASCIMENTO
11º ANO:
Aluno nº 164, TOMÁS GOMES TEIXEIRA ESTEVES VIRTUOSO
Aluno nº 306, ALYKHAN NAVAZ MADATALI SULTANALI
Aluno nº 373, JOSÉ GONZAGA CORRÊA GUEDES FRAGOSO DURO
12º ANO:
Ex-Aluno nº 96, DUARTE MIGUEL DOS SANTOS NUNES FOLGADO
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Sobre este prémio:
Colégio Militar: REGULAMENTO INTERNO - GUIA DO ALUNO (SETEMBRO DE 2009)
(página 42) Instituído pela Sociedade Portuguesa de Matemática: Prémio Aniceto Monteiro - Destinado a contemplar o aluno que obtenha a melhor média na classificação interna na disciplina de Matemática.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Guido Beck in Rio de Janeiro (by José Leite Lopes)

Guido Beck (Wikipedia)
Oral History Transcript — Dr. Guido Beck

CBPF - Prof. José Leite Lopes
Histórico Leite Lopes

Guido Beck in Rio de Janeiro

J. LEITE LOPES
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas and Federal University of Rio de Janeiro


The letters that I exchanged with Guido Beck in the years 1946-1980 describe some of our scientific actívities in that period.
In 1946, I returned from Princeton where I had worked with Wolfgang Pauli and Josef Maria Jauch, during the years 1944 and 1945. In Rio, I learnt from the Portuguese mathematician António Aniceto Monteiro who was teaching at the Faculdade Nacional de Filosofia, from the German physicist Bernhard Gross who was at the National Institute of Technology and from Costa Ribeiro, Physics Professor at the National Faculty of Philosophy, that Guido Beck was in Argentina, at the Observatório Astronómico de Córdoba, with a position that had been offered him by the Argentine Physicist Enrique Gaviola. (…)
(Continuar a ler)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

La Gazeta Matemática (Mayo 2010): Revista del Centro de Estudiantes de Matemática, UNS, Bahía Blanca, Argentina






Agradecimentos: Luiz Monteiro e Alunos do Centro de Estudiantes de Matemática

sábado, 21 de agosto de 2010

Relembrando Oliveira Castro: Depoimento do Acadêmico Cesar M.G. Lattes

«Conheci Castro em 1945 – bomba atômica – em simpósio organizado pela Fundação Getúlio Vargas. Foi um contato muito rápido.
No início de 1949, João Alberto Lins de Barros, Nelson Lins de Barros, José Leite Lopes, Leopoldo Nachbin, Hervásio Guimarães de Carvalho, Castro eu e mais uns vinte fundamos o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, entidade civil, sem fins lucrativos, sem patrimômio (exceto os cérebros) e sem dinheiro para a guarda, a geração e a transmissão de conhecimento científico em Física, Matemática e afins. Castro, com a colaboração de Antônio Aniceto Monteiro – matemático português, foi muito importante na fase de implantação e implementação do CBPF. Logo ficamos amigos íntimos, os Fialhos, eu e Martha – minha mulher – e os Castros Marina, Francisco e os filhos Sérgio e Yolanda.»
[Continuar a ler: Relembrando Oliveira Castro]

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Centenário do nascimento de Hugo Ribeiro: Exposição na Biblioteca Nacional

Hugo Ribeiro (1910-1988)
MOSTRA: 2 - 31 Agosto, Sala de Referência, Entrada livre

«Matemático brilhante, desde jovem se destacou numa disciplina que teve, entre os anos vinte e quarenta do século XX, sob direcção de Aureliano de Mira Fernandes (1884-1958), uma plêiade de cientistas portugueses em que se destacaram, entre outros, Bento de Jesus Caraça (1901-1948), Ruy Luís Gomes (1905-1984), António Aniceto Monteiro (1907-1980), José Sebastião e Silva (1914-1972) e tantos outros cujos nomes honram a ciência, como Manuel Zaluar Nunes, José Morgado, José da Silva Paulo, Augusto Sá da Costa, Alfredo Pereira Gomes e outros. Além de estudiosos que não encontraram em Portugal condições para a prática científica, o posicionamento da maioria deles contra o Estado Novo obrigou a um verdadeiro exílio da inteligência em países estrangeiros.
Hugo Ribeiro frequentou o curso de Ciências Matemáticas da Faculdade de Ciências de Lisboa que concluiu em 1939, enquanto se dedicava a actividades de associativismo juvenil e a lições particulares. Durante esse tempo, participa na União Cultural «Mocidade Livre» que edita um jornal juvenil e promove conferências na Universidade Popular Portuguesa sob o patrocínio de Bento Caraça; neste tempo, participa também nas actividades do Socorro Vermelho Internacional, é preso e forçado a exilar-se na Espanha republicana.
Num (afinal breve) regresso ao país, não obstante ter participado em acções políticas, obtém uma bolsa do Instituto de Alta Cultura que o conduz à Escola Politécnica Federal de Zurique (Suíça) onde veio a doutorar-se em 1946. Antes, porém, participa na fundação da
Portugaliae Mathematica (1937) e da Gazeta de Matemática (1940), sendo a sua colaboração sobretudo dirigida a partir do estrangeiro. Após nova e breve vinda para Portugal, a expulsão de brilhantes investigadores que o Estado salazarista infligiu às universidades e centros de investigação portugueses em 1947, Hugo Ribeiro é convidado e vai leccionar em Berkeley, na Universidade da Califórnia, e, sucessivamente, na University of Nebraska e na Pensylvania State University, University Park, pontualmente na Universidade Federal de Pernambuco (Recife). Regressou a Portugal somente depois de 25 de Abril de 1974 para ainda leccionar, juntamente com sua mulher, Pilar Ribeiro, na Universidade do Porto.
O espólio (5 caixas), integrado no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea ACPC, é constituído essencialmente por correspondência de personalidades nacionais, como o escritos José Rdrigues Miguéis e estrangeiras, incluindo um núcleo de cartas familiares e alguns rascunhos de cartas enviadas. Doação da viúva do cientista, Maria Pilar ribeiro, em Janeiro de 2005.»

[Texto da Biblioteca Nacional]

Notícia:
Exposição na Biblioteca Nacional evoca centenário do nascimento de Hugo Ribeiro
Ver ainda:
Hugo Ribeiro

domingo, 4 de julho de 2010

Monteiro y la transferencia de conocimiento (Ernesto García Camarero)


Monteiro y la transferencia de conocimiento
Ernesto García Camarero
Universidad Complutense de Madrid
Espanha

Es para mi muy grato participar en este Coloquio en el que se rinde homenaje al insigne matemático portugués Antonio Monteiro con motivo de conmemorar el centenario de su nacimiento.
Tuve la suerte de colaborar con el prof. Monteiro en el Departamento de Matemáticas de la Universidad Nacional del Sur, allá por los años de 1962 y 1963. Estaba yo desde el comienzo de los 60 participando en la puesta en marcha del Instituto de Calculo de la Universidad de Buenos Aires, cuando fui invitado por Monteiro a dar unas conferencias en la Universidad de Bahía Blanca sobre temas generales relativos a las computadoras, aunque con la finalidad principal de conocernos para proponerme que entrara a colaborar doblemente en esa Universidad, por una parte como asesor matemático en el proyecto CEUNS de construcción de una computadora electrónica y por otra para dictar algún Seminario en el Departamento de Matemáticas dirigido por él. Cuento esto para recordar el momento y el entorno en el que conocí a Monteiro. Unos años después conocí en la Universidad Nacional de Pernambuco, en Recife, a los profesores Ruy Gomes y José Morgado. Todos ellos importantes personajes de la renovación matemática portuguesa que, por desgracia para Portugal, debieron de emigrar de su país ante la hostilidad de un régimen totalitario. En España unos años antes ya habíamos experimentado la orfandad intelectual provocada por el exilio de 1939 tras la derrota de la II Republica.
(Continua)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Aniceto Monteiro, um homem (Pezarat Correia)

(Do arquivo de António Aniceto Monteiro. A letra da legenda é, muito provavelmente, de Ruy Luís Gomes - compare-se com a letra de Primeiro de Maio!)
[Neste artigo há um lapso na data da ida de António Aniceto Monteiro para a Argentina - ver CRONOLOGIA]

103


Digitalização de Jorge Rezende

sábado, 15 de maio de 2010

ENTRE NÚMEROS Y FÓRMULAS (Aeroposta)




ENTRE NÚMEROS Y FÓRMULAS
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Por M. Soledad Reuque
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El Instituto de Matemática de Bahía Blanca (INMABB) fue creado en 1956, año en el cual también abrió sus puertas la Universidad Nacional del Sur. Su directora, la Dra. María Inés Platzeck, conversó con Aeroposta sobre las actividades que realizan y destacó la importancia que tuvo el Dr. Antonio Monteiro en el la fundación y organización del Instituto.
¿Qué es el INMABB?
Es un instituto destinado al estudio y a la investigación en matemática. El origen data de 1956, cuando se creó la Universidad, pero su puesta en marcha se dio un año después, con la incorporación del destacado matemático Dr. Antonio Monteiro, quien fue su primer director. Unos años después, en 1976, entró a formar parte del sistema de Institutos del CONICET.
¿Cuáles son las actividades que se desarrollan?
El objetivo que persigue el INMABB es fundamentalmente la investigación en matemática para lo que se trabaja en diferentes líneas como: Representaciones en álgebra, Lógica, Sistemas integrables, Teoría de números, Análisis armónico y Geometría diferencial.
Por otro lado, contamos con diferentes publicaciones con las cuales obtenemos una herramienta muy importante para el matemático como lo es la bibliografía. Estos trabajos nos permiten tener un servicio de canje que es muy bueno. Fue organizado por el Dr. Monteiro y nosotros lo continuamos. Para eso, enviamos la publicación y recibimos en el orden de 200 títulos de revistas de distintas partes del mundo. Algunas son de muy buen nivel, y nos son de mucha ayuda.
También, es importante destacar que cada dos años se realiza el Congreso Dr. Antonio Monteiro, en el cual participan profesionales de otras universidades del país, y a veces del extranjero. La Universidad del Sur, en conjunto con el CONICET plantea un tema central de la matemática y se trabaja sobre él, lo que no quiere decir que luego surjan otras inquietudes. Durante los tres días que dura se presentan trabajos y se dictan cursos y seminarios. Además, luego publicamos “Las actas del Congreso” que nos sirven también para el canje de bibliografía.
¿Cuántos becarios hay en el Instituto?
Actualmente contamos con siete becarios, y próximamente habrá un recambio. Ellos, además de trabajar aquí, se desempeñan como docentes en el Departamento de Matemática de la Universidad. Muchos de nuestros investigadores se encuentran dirigiendo a aquellos alumnos que deciden continuar con los estudios de posgrado como una maestría o doctorado.
¿Qué nos puede decir de la Biblioteca, que está considerada como una de las más importantes de Latinoamérica?
En nuestro tesoro. La Biblioteca, que también se llama Dr. Antonio Monteiro, está abierta a toda la comunidad universitaria. El que quiera puede hacerse socio trayendo los requisitos necesarios, aunque eso no significa que cualquier alumno pueda venir a consultar la bibliografía. Los libros y las revistas se pueden llevar a la casa, y gracias a una ayuda de la Fundación Antorcha pudimos renovar el lugar, e implementar métodos de seguridad. En ese sentido, tenemos una sala privilegiada.
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¿Quién fue el Dr. Antonio Monteiro?
Antonio Monteiro nació en Angola. En 1930, se graduó de Licenciado en Matemática en Lisboa. Fundó la revista Portugaliae Mathematica y fue el gestor de notas de seminarios y cursos, formación de grupos de estudio y formación de discípulos.
En 1941 contribuyó a fundar el "Centro de Estudios Matemáticos de Oporto". Llegó a nuestro país en 1950, contratado por la Universidad Nacional del Cuyo. Su primer destino fue la Facultad de Ingeniería de San Juan, en donde realizó los primeros cambios en la enseñanza de la matemática, enfocándola desde un punto de vista moderno. Fue invitado por el Profesor Vicente Fatone, primer Rector de la Universidad Nacional del Sur, a incorporarse para desarrollar tareas de investigación en el Instituto de Matemática y junto con Oscar Varsavsky a diseñar la Licenciatura en Matemática.
Fue nombrado Profesor Emérito de la Universidad Nacional del Sur. En 1978 redactó una memoria "Sobre las Algebras de Heyting Simétricas", que reunía los resultados de sus investigaciones, y la que le valió el premio Gulbenkian de Ciencia y Tecnología de ese año. Falleció en nuestra ciudad el 29 de octubre de 1980.
Su tarea en las ciencias matemáticas logró un reconocimiento muy importante en el ámbito nacional e internacional. En la UNS formó varios discípulos que continuaron su obra. Por tal motivo, se decidió honrar su memoria colocándole su nombre a la Biblioteca y al congreso que constituye una de las más importantes reuniones de investigadores de la matemática en el país.
Fuente: Unión Matemática Argentina Libro “Universidad Nacional del Sur, 1956-2006”
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Digitalização da revista enviada pela família de António Aniceto Monteiro. Reprodução do texto de ENTRE NÚMEROS Y FÓRMULAS (BAHÍA BLANCA - AeroPosta 21). A capa reproduz a estátua do general José de San Martín.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Concurso dos 0 aos 100 - Histórias de Cientistas (De 1 de Fevereiro a 30 de Abril)

A Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República (CNCCR) e o jornal Ciência Hoje (CH), decidiram lançar um concurso designado por “Dos 0 aos 100 – Histórias de Cientistas”, numa iniciativa conjunta que tem em vista a divulgação da história e património científico da República, recordando acontecimentos, realizações alcançadas em diversos campos científicos e, mais concretamente, evocando os seus protagonistas.