sábado, 25 de dezembro de 2010

«Penso que no exterior o que é fundamental é apoiar as directivas da frente interna de resistência»: carta de 6 de Julho de 1961

Bahía Blanca, 6 de Julho 1961


Dr. Manuel Sertório
R. Manuel de Nóbrega, 63
São Paulo - Brasil

Prezado Dr. Sertório:

Desculpe o atraso com que respondo à sua carta mas estive doente com uma gripe, que me deixou bastante abalado e com a minha correspondência bastante atrasada.
Pode pôr o meu nome entre o das pessoas que assinam a declaração a ser enviada aos governos de todos os paises membros da ONU.
Também lhe agradeço a nota da Comissão de Inter-ligaçao sobre a qual lhe escreverei mais adiante.
Vou ver se consigo outra assinatura para a declaração.
Apesar de que não sou nem escritor nem politico profissional vou tentar escrever um artigo para o Portugal Democrático sobre problemas políticos. Dada a minha falta de experiência nestes assuntos, penso enviar o artigo em questão a alguma pessoa entendida para que opine sobre ele. Há 11 anos que estou completamente isolado das coisas portuguesas e só agora, desde que está aqui o Ruy, é que tenho mais algumas notícias, além das que leio em Portugal Democrático. De um modo geral penso que no exterior o que é fundamental é apoiar as directivas da frente interna de resistência.
O Galvão acabou por revelar-se completamente como um autêntico colonialista nos 3 artigos que escreveu num diário de São Paulo. Para mim as reticências que ele punha à primeira redacção da declaração tinham um significado perfeitamente claro e por isso mesmo não quis assinar a segunda redacção.
As mais cordiais saudações, com os melhores agradecimentos, do companheiro e amigo



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