domingo, 31 de dezembro de 2006

MAURICE RENÉ FRÉCHET: 2 de Setembro de 1878 - 4 de Junho de 1973

Maurice Fréchet, orientador de Tese de António Aniceto Monteiro. Esta fotografia, que é de 1938 e foi tirada no EMS colloquium em St Andrews, é reproduzida de Frechet Portraits.
Em 8 de Julho de 1936 António Aniceto Monteiro faz o Doutoramento de Estado em Paris, orientado por Maurice Fréchet, com uma tese intitulada “Sur l’additivité des noyaux de Fredholm”. Ver PORTUGALIAE MATHEMATICA, Conferências de Maurice Fréchet em Portugal, Fotografia de um conjunto de matemáticos.
Sobre Maurice Fréchet, ver

Impressions on António Aniceto Monteiro (Elon Lages Lima)

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Paulo Ribenboim

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"Paulo Ribenboim nasceu em Recife em 1928. Foi discípulo de Antonio Monteiro no Brasil, Jean Dieudonné na França, Wolfgang Krule na Alemanha e pesquisador do IMPA de 1956 a 1959. Teve uma carreira internacional, principalmente nos Estados Unidos, na França e no Canadá, onde ensinou na Queen's University. É autor de mais de 200 artigos de pesquisa e exposição bem como de numerosos livros, entre os quais : "13 Lectures on Fermat's Last Theorem", "Fermat's Last Theorem for Amateurs", "The New Book of Prime Number Records", "My Numbers, My Friends", "Classical Theory of Algebraic Numbers", "The Theory of Classical Valuatives". Detentor do Prêmio Pólya em exposição matemática, Doutor Honoris Causa da Universidade de Caen e Membro da Academy of Sciences of The Royal Society of Canada".

Pesquisador estuda a história e o desenvolvimento das linhas de pesquisas da matemática no Brasil

(Um artigo do CANAL CIÊNCIA. O pesquisador a que o título se refere é Clóvis Pereira da Silva)
(...)
Além disso, a pesquisa elenca os seguintes históricos para a matemática no Brasil:
para a introdução dos aspectos não-clássicos da Análise Matemática, a pesquisa aponta o nome de António Aniceto R. Monteiro, matemático português que chegou no Brasil em 1945 e trabalhou no Departamento de Matemática da FNFi. Por seu intermédio, foram contatados vários matemáticos no exterior que trabalhavam em Análise. Alguns estiveram como visitantes na FNFi. Entre eles, Marshall H. Stone (University of Chicago). Neste período surgiu o jovem Leopoldo Nachbin, que a partir da década de 1950 impulsionou e consolidou os estudos e a pesquisa em Análise Matemática não-clássica no país, por meio de cursos e seminários, na Universidade do Brasil, no CBPF, no Núcleo de Matemática da Fundação Getúlio Vargas, no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Maurício Matos Peixoto, Marília Chaves Peixoto e Elon Lages Lima também desempenharam importantes papéis no Rio de Janeiro para os estudos iniciais da Análise Matemática não-clássica. Os dois primeiros se destacaram posteriormente nos estudos e pesquisa de Sistemas Dinâmicos.
(...)
para a introdução dos estudos e pesquisas em Álgebra, o trabalho remonta à chegada de Luigi Fantappié à USP, de António Aniceto R. Monteiro à Universidade do Brasil em 1945 e, ainda, à chegada de outros matemáticos portugueses à Universidade de Recife, a partir da década de 1950, bem como à criação do Impa na primeira metade da década de 1950, com o trabalho de Paulo Ribenboim, e depois o trabalho do algebrista alemão Otto Endler na mesma instituição. Os estudos e a pesquisa em Álgebra (Geometria Algébrica e Teoria dos Números) foram introduzidos regularmente nos primórdios do Impa, em cursos regulares e seminários de formação, com foco ao estímulo a jovens talentosos para o estudo dessa subárea da Matemática. Os primeiros seminários de Álgebra do Impa foram freqüentados por Paulo Ribenboim, Artibano Micali, Otto Endler, Alberto de Azevedo, Renzo Piccinini, entre outros. Posteriormente, os estudos e a pesquisa nessa subárea contaram, no Impa, com a participação de outros algebristas brasileiros e estrangeiros, dentre os quais são citados Ernest Kunz, Aron Simis, Yves Lequain, Karl Otto-Sthor e, na Universidade de Brasília, Adilson Gonçalves e Said N. Sidki.
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Ver artigo completo:

domingo, 24 de dezembro de 2006

Leopoldo Nachbin: "Monteiro was proud that I had been his student"

Leopoldo Nachbin leccionando na Universidade de Rochester (EUA) em 1978
"I myself owe several of the important steps and events, in my training and career, to Monteiro farsightedness as an advisor. I am not going to list details here; it suffices to express globally my indebtedness to Monteiro’s influence when I was young and inexperienced, from the mathematical, psychological and political viewpoints, an occasion in which Monteiro granted me his valuable advice, protection and initiative. Our friendship lasted up to the ultimate opportunity and was not discontinued by adversities through life. Thus, in September of 1980, I still got an excellent letter from him, his last letter to me before he passed away. It was perfectly clear to me that Monteiro was proud that I had been his student; in other words, Monteiro really cared to continue his own life through his former students".
The influence of António A. Ribeiro Monteiro in the development of Mathematics in Brazil
Nachbin, Leopoldo

Leopoldo Nachbin, 7 de janeiro de 1922 (Recife) - Abril de 1993


Ver:

domingo, 17 de dezembro de 2006

O Prof. Mário Tourasse Teixeira e a Educação Matemática em Rio Claro, por Romélia Mara Alves Souto

Romélia Mara Alves Souto
(...)
"Nos anos de 1960 e 1961 o Prof. Mário Tourasse realizou estágio de especialização em álgebra da lógica e funções recursivas na Universidad Nacional del Sur, em Bahia Blanca e no Centro Atômico de Bariloche, na Argentina, sob orientação dos Profs. Antônio Aniceto Ribeiro Monteiro e Jean Porte. O trabalho de pesquisa iniciado nessa ocasião, sob a orientação do Prof. Antonio Monteiro, culminou com a tese de doutorado “M-Álgebras”, defendida em 1965 na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, em São Paulo".
(...)

ANTÓNIO ANICETO RIBEIRO MONTEIRO (1907-1980) NO BRASIL


Ver também, da mesma autora:

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

"Para a História da Sociedade Portuguesa de Matemática", por José Morgado

Capítulo I
MATEMÁTICOS PORTUGUESES DECIDEM ASSOCIAR-SE
Nascimento da Sociedade Portuguesa de Matemática
Actividades da Comissão Pedagógica;
Efervescência da actividade matemática
Centro de Estudos Matemáticos de Lisboa
Conferências de Maurice Fréchet em Portugal
Centro de Estudos de Matemáticas Aplicadas à Economia
Secção de Matemática da Faculdade de Ciências do Porto
Centro de Estudos Matemáticos do Porto
Um curso de António Monteiro no Porto

Capítulo II
A EFERVESCÊNCIA ATINGE TAMBÉM A FÍSICA
Guido Beck em Coimbra
Centro de Estudos de Física de Lisboa
O curso de Guido Beck e a actividade desenvolvida no Seminário de Física Teórica anexo ao C.E.M. do Porto
Alexandre Proca dirige o Seminário de Física Teórica
Prémio Nacional Gomes Teixeira

Capítulo III
PARTICIPAÇÃO ESTUDANTIL NO MOVIMENTO MATEMÁTICO
Sinais de hostilidade à efervescência matemática
Os Clubes de Matemática
Duas conferências de António Monteiro dirigidas aos estudantes universitários do Porto
Colaboração estudantil nos Colóquios
O primeiro Clube de Matemática em Portugal
Outros Clubes de Matemática
Supressão dos Clubes de Matemática

Capítulo IV
DIFICULDADES NA LUTA CONTRA O ISOLAMENTO CIENTÍFICO
Sociedades Matemáticas nos países mais evoluídos
Falta de uma tradição de trabalho em Matemática
O isolamento e as Conferências Democráticas do Casino
O nosso atraso em Matemática
Opinião de Gomes Teixeira
Opinião de Pedro José da Cunha
0pinião de António Monteiro
Não se perdeu a lição de Monteiro
Junta de Investigação Matemática
Dotação da Junta de Investigação Matemática
Palestras sobre a Investigação Científica
Colaboração entre a J.I.M. e a S.P.M.
Participação em congressos
Ofensiva governamental contra a Universidade Portuguesa

Anexo
Bibliografia
Índice

[Páginas do Prof. Jaime Carvalho e Silva a quem agradeço]

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

ALVÉRCIO MOREIRA GOMES


Reproduz-se aqui, parcialmente, uma página do Instituto de Matemática do Departamento de Métodos Matemáticos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Transcreve-se a parte referente ao período em que António Aniceto Monteiro lá permaneceu (1945-1949). Leia a totalidade em
***
(...)
Ao redor de 1948 havia razoável atividade de pesquisa sobre a teoria dos sistemas ordenados, da qual esperava-se forte contribuição a vários ramos da Matemática, tais como Análise e Geometria Projetiva. Tais idéias foram trazidas da Europa para o Brasil por Antonio Aniceto Monteiro, professor do Departamento de Matemática da FNFi. Entre outras contribuições a este novo campo de pesquisa por professores do Departamento, saliento as duas seguintes pelo Alvércio:
- Decomposition of partially ordered systems, Rev. Científica, Ano I, no 2 (1950).
- Compleition by cuts of a distributive lattice, Rev. Científica, Ano 3, nos 2-3 (1952).
Foram comentados no Mathematical Revews da época e citados no livro de Oyestein Ore - Theory of Graphs - Am. Math. Soc. - 1962.
Outro aspécto fundamental da investigação matemática da época era a análise da noção de medida em álgebras ordenadas. Nesta direção ele preparou sua tese de Livre Docente, sob o título: Medida em Álgebras de Boole. Curioso! Todos os concursos de Livre Docente foram realizados no Departamento, exceto o do Alvércio. Note-se que a livre docência era pré-requisito legal para a inscrição ao concurso de cátedra.

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JOSÉ ABDELHAY

Reproduz-se aqui, parcialmente, uma página do Instituto de Matemática do Departamento de Métodos Matemáticos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Transcreve-se a parte referente ao período em que António Aniceto Monteiro lá permaneceu (1945-1949). Leia a totalidade em
***
José Abdelhay, matemático brasileiro, nasceu em São José dos Campos, São Paulo, dia 15 de novembro de 1917 falecendo em 19 de junho de 1996, no Rio de Janeiro, onde residia.

(...)

Em 1945 foi contratado, o matemático português Antonio Aniceto Monteiro com formação e gosto matemático totalmente distinto do de Mamana. Desenvolveu disciplinas e seminários sobre Teoria dos Reticulados e Aplicações, linha de pesquisa que se iniciava. Monteiro iniciou a publicação de uma série de monografias, publicadas pelo Departamento de Matemática, denominada Notas de Matemática. Desta fase consulte-se [12], Sumário.
Durante o ano acadêmico de 1948 permaneceu como visitante do Departamento, o matemático americano A.Adrian Albert, da Universidade de Chicago que lecionou o primeiro curso de Algebra, naquele tempo denominada Algebra Moderna (cf. A. Adrian Albert, Modern Higher Algebra, University of Chicago Press 1937). Nesta ocasião Albert estimulou a vinda ao Brasil do Professor Marshall Stone da Universidade de Chicago que desenvolveu no Departamento uma disciplina intitulada Aneis de Funções Contínuas, estimulante para vários professores e alunos conforme demonstram os progressos realizados na época. Destacam-se desta fase os trabalhos de José Abdelhay [4], [5], [6],[10], cf. Sumário. No [5] o autor caracteriza, em termos de conjuntos ordenados, o espaço de Banach das funções numéricas contínuas em um espaço topológico localmente compacto e nulas no infinito. O [6] é um resultado sobre o espaço de Banach das sucessões numéricas convergentes para zero, o qual se relaciona a existência de base em um espaço de Banach. O [10] é a tese para o concurso da Cátedra de Análise Matemática e Análise Superior que consiste do desenvolvimento de [6] baseado em resultados contidos em outros trabalhos.
Em fins de 1949, foi professor visitante do Departamento, W. Ambrose, professor americano, que desenvolveu durante três meses, um mini curso sobre resultados recentes da teoria de representação de grupos localmente compactos. Desta fase, resultou a referência [8] do Sumário.


(...)

Notícia no "Ciência Hoje"

ÍNDICE

"Recordar Angola - 2º Volume", de Paulo Salvador, ...
O nome de António Aniceto Monteiro para uma rua e ...
Just half a century ago... (artigo de Hugo Ribeiro...
Portugaliae mathematica 39(1-4) (1980)
CRONOLOGIA
IX Congreso Dr. Antonio Monteiro - Bahía Blanca, 3...
António Aniceto Monteiro

"Recordar Angola - 2º Volume", de Paulo Salvador, recorda António Aniceto Monteiro







sábado, 9 de dezembro de 2006

O nome de António Aniceto Monteiro para uma rua e uma escola


António Aniceto Monteiro é o primeiro investigador moderno português em Matemática. Foi um dos impulsionadores do Movimento Matemático que, entre 1936 e 1947, a partir de Lisboa, lançou os fundamentos do que foi na altura, e que poderia ter continuado a ser, uma verdadeira Escola de Investigação, de Divulgação e de Ensino daquela Ciência em Portugal. No que diz respeito à investigação científica foi ele, sem dúvida, a figura central do Movimento Matemático.
Há três nomes maiores do Movimento Matemático (1936-1947): Bento de Jesus Caraça, Ruy Luís Gomes e António Aniceto Monteiro. Não se pode dizer que este último tivesse uma envergadura menor do que os outros dois. É o menos conhecido porque foi obrigado a exilar-se em 28 de Fevereiro de 1945, nunca tendo sido professor de uma escola portuguesa.
António Aniceto Monteiro tem uma rua com o seu nome em Bahía Blanca, Argentina. 
António Aniceto Monteiro não tem qualquer escola ou rua com o seu nome em Portugal ou em Angola, onde nasceu!
Seria de máxima justiça que, pelo menos, fosse dado o seu nome a ruas de Namibe, de Lisboa e do Porto.
O seu amor à terra onde nasceu (Mossâmedes, actualmente Namibe) justificam-no plenamente. Que António Aniceto Monteiro tenha nascido em Angola deve ser motivo de orgulho para os angolanos e também um incentivo para a juventude de Angola.
Todo o trabalho que realizou em Portugal com relevo para Lisboa e para o Porto não está reconhecido ao nível da toponímia das duas cidades. Muito se proclama a necessidade de promover a Matemática em Portugal, mas nenhuma escola portuguesa tem o nome de um dos seus maiores promotores no século XX.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Just half a century ago... (artigo de Hugo Ribeiro)

Artigo de Hugo Ribeiro na Portugaliae mathematica 44(1), III-IV (1987), sobre a fundação da revista e o papel dirigente que teve António Aniceto Monteiro nesses anos. A fotografia mostra Hugo Ribeiro nos EUA cerca de 1970.
Just half a century ago...

Portugaliae mathematica 39(1-4) (1980)


Número especial da Portugaliae mathematica dedicado a António Aniceto Monteiro, no ano da sua morte, com artigos notáveis. Era editor Alfredo Pereira Gomes, recentemente falecido, aqui representado numa fotografia dos anos 40, a quem, assim, se presta homenagem.


quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

CRONOLOGIA

CRONOLOGIA DE ANTÓNIO ANICETO MONTEIRO

1907
Em 31 de Maio, nasce, em Mossâmedes, Angola, o matemático António Aniceto Ribeiro Monteiro, também conhecido por António Aniceto Monteiro ou António Monteiro, filho de António Ribeiro Monteiro e de Maria Joana Lino Figueiredo da Silva Monteiro. Namibe é o actual nome de Mossâmedes (que chegou a escrever-se Moçâmedes).
1915
A 7 de Julho morre António Ribeiro Monteiro, tenente de infantaria, que se encontrava em comissão extraordinária no sul de Angola.
1917-1925
Faz os estudos secundários no Colégio Militar, em Lisboa, onde é o aluno nº 78.
1925-1930
Estuda na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, de 20 de Outubro de 1925 a 17 de Julho de 1930, onde encontra a sua vocação e o seu primeiro Mestre – Pedro José da Cunha.
1929
Casa-se em 29 de Julho com Lídia Marina de Faria Torres. Do casamento nascerão dois filhos – António e Luiz.
1930
Em 17 de Julho licencia-se em Ciências Matemáticas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
1931-1936
António Monteiro é bolseiro em Paris do Instituto para a Alta Cultura (IAC) desde Novembro de 1931 até Julho de 1936. Durante este período estuda no Instituto Henri Poincaré, realizando trabalhos científicos sob a direcção de Maurice Fréchet.
1934
A 8 de Fevereiro nasce António, filho de Lídia Marina e António Aniceto.
1936
Conclui o Doutoramento de Estado na Faculdade de Ciências da Universidade de Paris, em Ciências Matemáticas, com a menção Très Honorable, orientado por Maurice Fréchet, com uma tese intitulada Sur l’additivité des noyaux de Fredholm.
É fundado o Núcleo de Matemática, Física e Química, em Lisboa, cujas actividades se iniciam a 16 de Novembro, e cujos principais impulsionadores (os mais activos) são António da Silveira, Manuel Valadares e António Aniceto Monteiro.
A 5 de Outubro nasce Luiz, filho de Lídia Marina e António Aniceto.
1937
É fundada a revista Portugaliae Mathematica. A revista é “editada por António Monteiro, com a cooperação de Hugo Ribeiro, J. Paulo, M. Zaluar Nunes”.
Neste ano encontram-se, provavelmente pela primeira vez, nas actividades do Núcleo de Matemática, Física e Química, os matemáticos António Monteiro, Bento Caraça e Ruy Luís Gomes, os três principais impulsionadores do Movimento Matemático.
1938
Recebe o Prémio Artur Malheiros da Academia de Ciências de Lisboa (Matemática) conferido pelo Ensaio sobre os fundamentos da análise geral.
1939
Começa a funcionar o Seminário de Análise Geral, em Lisboa, impulsionado por António Aniceto Monteiro, primeiro na Faculdade de Ciências e depois no Centro de Estudos Matemáticos de Lisboa do IAC, no qual com a realização de cursos e seminários começa a iniciar um grupo de jovens no estudo da matemática moderna. Entre os seus discípulos deste período podem destacar-se José Sebastião e Silva e Hugo Baptista Ribeiro.
Em 6 de Novembro “desintegra-se” o Núcleo de Matemática, Física e Química.
1940
Em 1939 é fundada por Bento de Jesus Caraça, António Monteiro, Hugo Ribeiro, José da Silva Paulo e Manuel Zaluar, a Gazeta de Matemática, cujo primeiro número sai em Janeiro de 1940.
Em Fevereiro é formado o Centro de Estudos Matemáticos de Lisboa de que o impulsionador é António Monteiro que aí continua a dirigir trabalhos de investigação.
É fundada a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), em 12 de Dezembro de 1940. António Aniceto Monteiro é um dos seus principais impulsionadores e escolhido para seu Secretário Geral, por unanimidade. Pedro José da Cunha é eleito Presidente.
1943
4 de Outubro: é fundada a Junta de Investigação Matemática (JIM) por Ruy Luís Gomes, Mira Fernandes e António Monteiro. Os fundos para a JIM são angariados numa campanha promovida por António Luiz Gomes, irmão de Ruy Luís Gomes.
Dezembro: António Aniceto Monteiro vai para o Porto, a convite da JIM, com a família, onde fica cerca de um ano. Diz António Aniceto Monteiro no seu curriculum: “durante o período de 1938-43 todas as minhas funções docentes e de investigação, foram desempenhadas sem remuneração; ganhei a vida dando lições particulares e trabalhando num Serviço de Inventariação de Bibliografia Científica existente em Portugal, organizado pelo IAC”.
No Centro de Estudos Matemáticos do Porto, Monteiro dirige o Seminário de Topologia Geral. A JIM inicia a publicação dos Cadernos de Análise Geral nos quais se publicam os cursos e seminários ministrados na Faculdade de Ciências de Porto, sobre Álgebra Moderna, Topologia Geral, Teoria da Medida e Integração, etc., temas com pouca difusão nessa época nas Universidades Portuguesas.
1944-1945
Palestras da JIM lidas ao microfone da Rádio Club Lusitânia, corajosamente cedido pelo proprietário. São oradores: Ruy Luís Gomes, António Monteiro, Corino de Andrade, Branquinho de Oliveira, Fernando Pinto Loureiro, José Antunes Serra, António Júdice, Armando de Castro, Carlos Teixeira e Flávio Martins.
1945
António Aniceto Monteiro vê-se obrigado a sair de Portugal, porque lhe vedaram a entrada na carreira académica, por razões políticas. Com recomendação de Albert Einstein, J. von Neumann e Guido Beck obtém uma cátedra de Análise Superior no Rio de Janeiro, na Faculdade Nacional de Filosofia (o convite tinha sido feito em Setembro de 1943). Em 28 de Fevereiro, António Aniceto Monteiro embarca para o Rio de Janeiro onde chega com um contrato por quatro anos o qual não será renovado por influência da Embaixada de Portugal.
É nomeado membro del Comité de Redacção da Revista Summa Brasiliensis Mathematicae que a Fundação Getúlio Vargas edita.
1945-1946
António Monteiro é investigador do Núcleo Técnico Científico da Fundação Getúlio Vargas (Rio de Janeiro), dirigido por Lélio Gama.
1946
Julho: Doutora-se Alfredo Pereira Gomes na Universidade do Porto, depois de ter sido orientado por António Aniceto Monteiro.
1948
António Monteiro inicia a série de publicações intituladas Notas de Matemática. Nos anos 1948-1949, são editados seis fascículos. Mais tarde, depois de sua ida para a Argentina, esta colecção será publicada sob a direcção de Leopoldo Nachbin alcançando uma grande difusão na América Latina.
1949
António Monteiro participa activamente na criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro, do qual é membro fundador e para o qual é contratado como investigador de Matemática.
Lecciona um curso de Introdução à Matemática para os investigadores de Instituto de Biofísica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro por convite do seu Director Carlos Chagas.
Em 5 de Dezembro, vindo do Brasil, chega à Argentina (Buenos Aires), contratado pela Universidad Nacional de Cuyo (sediada na cidade de San Juan, província de San Juan). De 1950 até 1956 é aí docente de Análise Matemática na Facultad de Ingeniería, Ciencias Exactas, Físicas y Naturales.
A partir de 1950 é professor de Matemáticas Superiores na Faculdade de Ciências da Educação da mesma universidade, na cidade de San Luis.
1950
Em Janeiro e Fevereiro ao chegar à Argentina redige um trabalho sobre Aritmética de los filtros en la Teoría de los Espacios Topológicos, no qual expõe resultados que obteve sobre o assunto, que envia como anónimo ao concurso internacional organizado pela Sociedade Matemática de França em comemoração do jubileu do seu mestre Maurice Fréchet. Este trabalho foi eleito entre os quatro melhores apresentados.
1951
António Monteiro é co-fundador do Departamento de Investigaciones Científicas (DIC) da Universidad Nacional de Cuyo (Mendoza) onde é professor.
1953
Professor Full-time no Instituto de Matemática do DIC na Universidad Nacional de Cuyo, desempenhando as suas actividades como docente na Faculdade de Engenharia de San Juan.
1954
António Monteiro participa no Segundo Congresso Latino-Americano de Matemática, em Villavicencio, no Instituto de Matemática de Mendoza, organizado pela UNESCO de 21 a 25 de Julho, em que apresenta uma exposição do conjunto dos resultados obtidos no seu trabalho La Aritmética de los filtros en la Teoría de los Espacios Topológicos.
1954-1956
António Monteiro é professor de matemática na Escola de Arquitectura da Faculdade de Engenharia de San Juan, da Universidad Nacional de Cuyo.
1955
Em Fevereiro António Aniceto Monteiro lecciona um dos Primeiros Cursos Latino-americanos de Matemática patrocinados pela UNESCO, que se realizam no Instituto de Matemática de Mendoza, destinados ao aperfeiçoamento de Professores Universitários, ao qual assistem professores do Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Chile e Argentina.
António Monteiro é co-fundador da Revista Matemática Cuyana, tendo sido nomeado membro do seu comité de redacção.
1956-1957
Professor Contratado da Faculdade de Engenharia de San Juan, Universidad Nacional de Cuyo.
1956
Em 1956 é eleito pelos seus colegas do Instituto de Matemática de Mendoza, para realizar uma viagem ao Paraguai, Bolívia, Peru e Chile com o objetivo de estudar o aproveitamento dos bolseiros que tinham assistido aos cursos de 1955 e ajudá-los no seu trabalho. Realiza esta viagem em 1956 patrocinado pela UNESCO, tendo logo apresentado a esta instituição, um pormenorizado relatório sobre a situação nos diversos países.
Em 23 de Agosto é designado Profesor Titular, por concurso, da cátedra de Análise da Facultad de Ciencias Exactas y Naturales de la Universidad de Buenos Aires, por decisão de um júri integrado por Beppo Levi, Mischa Cotlar e Rodolfo Ricabarra. Recusa essa posição.
É convidado a organizar o Instituto de Matemática da Universidade de Santiago do Chile mas recusa, também, esse convite.
Em 6 de Janeiro é criada a Universidad Nacional del Sur (UNS), Bahía Blanca, Argentina, e António Aniceto Monteiro é convidado a nela se incorporar e aceita (razão por que recusa os outros dois convites).
Nomeado membro correspondente da Academia Brasileira de Ciências.
1957-1970
Em Julho de 1957 vai viver para Bahía Blanca com a posição de Professor Contratado da Universidad Nacional del Sur. É incorporado nesta Universidade para proceder à organização de Instituto de Matemática e da Licenciatura em Matemática.
A partir desse momento desenvolve uma intensa actividade com o intuito de organizar os estudos de Matemática na Universidad Nacional del Sur. Começa por organizar os planos de estudo da Licenciatura em Matemática com a colaboração de Oscar Varsavsky. Ao longo de vários anos ocupa-se de todos os problemas relativos à organização de uma Biblioteca de Matemática adequada à realização de trabalhos de investigação; esta é considerada, actualmente, como uma das melhores da América Latina. A Biblioteca do Instituto de Matemática tem actualmente o seu nome, Biblioteca Dr. António A. R. Monteiro.
Consegue a contratação, temporária ou permanente, de eminentes matemáticos nacionais e estrangeiros para a Universidad Nacional del Sur, em cujo seio se desenvolve paulatinamente um ambiente matemático juvenil.
1958
António Monteiro inicia uma série de Monografias de Matemática.
1959
Designado Organizador do Instituto de Matemática da Universidad Nacional del Sur, por diploma de 1959.
É convidado pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, na sua qualidade de Membro Fundador, para assistir à comemoração do décimo aniversário da sua fundação, permanecendo no Rio de Janeiro de Julho a Novembro. Em Julho participa como convidado no 2º Colóquio Brasileiro de Matemática, que se realiza em Poços de Caldas (Brasil), dando conferências entre as quais expõe as suas pesquisas sobre Álgebras Monádicas.
1958-1961
Ruy Luís Gomes é Professor Contratado pela Universidade Nacional del Sur, Bahía Blanca, Argentina, onde lecciona no Instituto de Matemática, a convite de António Aniceto Monteiro.
1960
António Monteiro começa a leccionar uma série de cursos e seminários de Lógica Algébrica destinados a formar um ambiente adequado para a investigação neste ramo da Matemática, continuando os cursos que Helena Rasiowa e Roman Sikorski leccionaram na Universidad Nacional del Sur em 1958.
1961
No início de 1961 lecciona um curso sobre Espaços de Hilbert no Instituto de Física de Bariloche e nessa ocasião inicia no estudo de Lógica Algébrica licenciados em Matemática da Universidade de Buenos Aires entre os quais se destaca pelos resultados obtidos, sobre problemas propostos, o Licenciado Horacio Porta. No mesmo período (1960-1961) dirige os estudos de Mário Tourasse Teixeira, de nacionalidade brasileira, primeiro directamente em Bahía Blanca e Bariloche, e posteriormente por correspondência sobre um tema que foi posteriormente objecto da sua tese de Doutoramento na Universidade de São Paulo.
Permanece na Faculdade de Ciências Exactas da Universidade de Buenos Aires, de Julho a Dezembro como professor visitante. Nessa oportunidade realiza um trabalho sobre as Álgebras de De Morgan com a colaboração de um estudante, brasileiro, da dita Faculdade, Oswaldo Chateaubriand.
1964
Funda a colecção intitulada Notas de Lógica Matemática, editada pelo Instituto de Matemática da UNS, na qual começa a publicar os trabalhos de investigação realizados em Bahía Blanca.
Com as publicações do Instituto, inicia um amplo serviço de troca que se mantém e desenvolve graças à relevante colaboração de Edgardo Fernández Stacco. Actualmente o Instituto recebe por troca cerca de 200 publicações periódicas.
No fim de 1964 trabalha como assessor da Fundação Bariloche, com o objectivo de organizar um Instituto de Matemática dedicado essencialmente à investigação ao nível latino-americano tendo, a propósito, redigido um relatório.
1965
Em Dezembro, abandona a direcção do Instituto de Matemática de Bahía Blanca passando, aí, a dedicar-se exclusivamente à realização de trabalhos de investigação e à formação de discípulos, que sempre foi a sua actividade central neste Instituto. Prossegue com a docência na UNS.
1966
Inicia a colecção intitulada Notas de Algebra y Análisis, editada pelo Instituto de Matemática da UNS.
1968
Participa no Primeiro Simpósio Panamericano de Matemática Aplicada em Buenos Aires, onde o seu trabalho sobre Generadores de reticulados distributivos foi elogiado por Garret Birkhoff.
1969-1970
Com licença sabática de Setembro de 1969 a Agosto de 1970, António Monteiro é bolseiro do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET) e viaja pela Europa, realizando a sua primeira viagem de estudo depois de 25 anos de trabalho na América Latina (dos quais 20 na Argentina).
Recebe um convite para fazer uma conferência plenária no IV Congresso de Matemática de Expressão Latina que se realiza em Setembro de 1969 em Bucareste, na qual faz uma exposição do conjunto dos trabalhos realizados em Bahía Blanca, sobre Lógica Algébrica.
Durante a sua estadia na Europa faz conferências, convidado pela Universidade de Bucareste, Instituto de Matemática da Academia de Ciências da Roménia, Universidade de Cluy (Roménia) e Universidades de Paris, Clermont Ferrand, Lyon, Montepellier, Bruxelas e Roma.
1972
Em 31 de Maio, ao fazer 65 anos, de acordo com a legislação, renuncia ao seu cargo. No entanto, em virtude dessa mesma lei, mantem-no até se completarem todos os trâmites jubilatórios, que nessa época demoravam bastante tempo. Só em Setembro de 1975 é que recebe os primeiros vencimentos como jubilado, referentes ao período de 1 de Abril a 31 de Outubro desse ano.
Em 30 de Maio de 1972, António Aniceto Monteiro é designado Profesor Emérito de la Universidad Nacional del Sur, o único durante mais de vinte e cinco anos.
1974
No dia 1 de Outubro é nomeado Membro Honorário da Unión Matemática Argentina.
1975
António Monteiro jubila-se.
Março: invocando a legislação anterrorista, o reitor da Universidad Nacional del Sur, proíbe a sua entrada na universidade.
1977
O Instituto Nacional de Investigação Científica (INIC), Portugal, cria um lugar de investigador para António Aniceto Monteiro (no CMAF). Este permanece em Portugal cerca de dois anos.
1978
António Monteiro é distinguido com o Prémio Gulbenkian de Ciência e Tecnologia pelo seu trabalho Sur les Algèbres de Heyting Symétriques.
1980
29 de Outubro: António Aniceto Monteiro morre em Bahía Blanca, Argentina.
1989
A Universidad Nacional del Sur delibera a realização de um Congresso de Matemática, com ênfase na alternância de diversos ramos da matemática, e que tem a designação de Congreso Dr. Antonio Monteiro. Realizam-se congressos em 1991, 1993, 1995, 1997, 1999, 2001, 2003 e 2005. O IX Congresso realiza-se de 30 de Maio a 1 de Junho de 2007 coincidindo com o centenário do seu nascimento.
2000
O Instituto de Matemática de Bahía Blanca publica em sua homenagem Recordando al Dr. Antonio Monteiro, Informe Técnico Interno nº 70, cujos editores são Edgardo L. Fernández Stacco, Diana M. Brignole, Luiz F. Monteiro e Aurora V. Germani.
Em 2 de Outubro, no âmbito das comemorações do Ano Internacional da Matemática, o Presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio, em acto solene, concede-lhe, a título póstumo, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Santiago da Espada.
2006
Em 28 de Agosto, no Congresso Internacional de Matemática, em Madrid, realiza-se a António A. Monteiro’s Centenary Session, onde é apresentada a compilação em 8 volumes da obra The Works of António A. Monteiro, editada por Eduardo L. Ortiz e Alfredo Pereira Gomes (também existente em formato CD/DVD).
2007
Realizam-se comemorações do centenário de António Aniceto Monteiro na Argentina e em Portugal.

Nota: Esta cronologia não é exaustiva. Por exemplo, nada diz quanto às publicações de António Monteiro. Para as publicações, ver BIBLIOGRAFÍA DE ANTÓNIO ANICETO MONTEIRO

Como complemento veja:

Just half a century ago...
Artigos de Maurice Fréchet na "Portugaliae Mathematica"
Artigos de António Aniceto Monteiro na "Portugaliae Mathematica"
O regresso de António Monteiro a Portugal de 1977 a 1979, por Alfredo Pereira Gomes
Professor António Monteiro and contemporary mathematics in Argentina, por Eduardo L. Ortiz
The influence of António A. Ribeiro Monteiro in the development of Mathematics in Brazil, por Leopoldo Nachbin
Artigos sobre António Aniceto Monteiro de Hugo Ribeiro, Ruy Luís Gomes e Luís Neves Real
Ruy Luís Gomes e António Aniceto Monteiro
Maurice Fréchet (1878-1973)
Duas palestras lidas ao microfone de Rádio Clube Lusitânia (António A. Monteiro e Ruy Luís Gomes)
Contribuição Matemática do Professor Dr. António A. R. Monteiro, por Luiz F. Monteiro
Declaração de António Monteiro e Silva Paulo relativamente a quantias recebidas da JIM
Uma carta de António Aniceto Monteiro, proveniente de S. Juan, Argentina, e datada de 27 de Abril de 1954
"O António Monteiro escreveu" - manuscrito de Abel Salazar
"Não há tempo a perder"... - uma carta de António Aniceto Monteiro
ANTONIO A. MONTEIRO (31/05/1907-29/10/80), por Edgardo Luis Fernández Stacco

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

IX Congreso Dr. Antonio Monteiro - Bahía Blanca, 30 de Mayo al 1ero de Junio de 2007

António Aniceto Monteiro

Mossâmedes (Angola), 31 de Maio de 1907 -
- Bahía Blanca (Argentina), 29 de Outubro de 1980