quarta-feira, 14 de março de 2018

«XXX (encontro com António Aniceto Monteiro)» – poema de Mário Dionísio


XXX
(encontro com António Aniceto Monteiro)

 
Trinta anos depois
de longo exílio e antes de outro possível
viajamos os dois
pelo futuro do passado
sobre um fundo de esperança todo baço

 
Há trinta anos ou ontem?
A mesma infância no olhar faz que não contem
nem a dor nem o frio nem o cansaço
A morte ronda mas que espere        Reanimada
a velhíssima atracção do impossível
canta em surdina neste voo desamparado

 
É luta ainda este alvoroço e este abraço?

 
Camarada       Camarada

Mário Dionísio, Terceira Idade, 1982

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Agradecimentos a Eduarda Dionísio

«O António Aniceto Monteiro e a Lídia em nossa casa!» – diário de Mário Dionísio, de 19 de Maio de 1977

19.5.77.
O António Aniceto Monteiro e a Lídia em nossa casa! Das quatro da tarde quase até às nove da noite. Não nos víamos (todos, porque a Lídia estivera aqui há algum tempo), já lá vão 32 anos! 0 Monteiro não tem, naturalmente, a vivacidade de outrora. Conta hoje 70 anos. Mas é como se nos não víssemos há semanas. O mesmo espírito, a mesma amizade. O tempo não chega para lhes contarmos tudo (tudo...) o que se tem passado e está passando por cá, para ouvirmos o que se passou e está passando por lá, na Argentina. Um fascismo que atinge os limites da selvajaria à luz do dia, como nunca, apesar de tudo, aqui conhecemos. Ele tornou-se aquilo que sempre esperámos: um matemático de projecção internacional. Foi mais um que o Estado Novo deitou fora. Eu continuo, como há 30 e tal anos, um homem que faz projectos, trabalha sempre, e não chega a realizar um décimo do que projecta. Mas que tarde realmente feliz, recordando e atiçando o belo fogo duma velha amizade que não morre e é, feitas as contas, o melhor que há na vida!
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Agradecimentos a Eduarda Dionísio

terça-feira, 13 de março de 2018

segunda-feira, 5 de março de 2018

«Só me falta ler o último conto “Os Bonecreiros”. “Assobiando à vontade” é o melhor dos contos que li. (…) Desde Agosto que ando atarefado com a redacção duma Aritmética Racional (projectada há 7 anos!) e outros trabalhos.» – carta de António Aniceto Monteiro para Mário Dionísio, de 8 de Dezembro de 1944

Agradecimentos a Eduarda Dionísio
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(Sidónio Muralha)

Depois daquela noite os teus seios incharam;
as tuas ancas alargaram-se;
e os teus parentes admiraram-se
e falaram, falaram...

Porque falaram duma coisa tão bela,
tão simples, tão natural?
Tu não parias uma estrela,
nem uma noite de vendaval...

Mas tudo terminou porque falaram.
Tu fraquejaste e tudo terminou.
- Os teus seios desincharam;
só a tristeza ficou.

Ficou a tristeza duma coisa tão bela,
tão simples, tão natural...

- Tu não parias uma estrela,
nem uma noite de vendaval...

sexta-feira, 2 de março de 2018

As relações entre António Aniceto Ribeiro Monteiro e a Junta de Educação Nacional ou um bolseiro português na cidade de Paris (do Outono de 1931 à Primavera de 1936) [Augusto J. S. Fitas]

Digitalização de Jose Marcilese
© Família de António Aniceto Monteiro
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Boletim da SPM — Colóquio António Aniceto Monteiro, pp. 89–127 (2008).
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The relationship between António Aniceto Ribeiro Monteiro and the Junta de Educação Nacional (JEN), a portuguese grant student in the city of Paris (from autumn 1931 to spring 1936)
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