Soube pelo Corino do novo «incidente»,
e soube também — o que, de resto, estava previsto —, que se trata de uma nova
amabilidade coimbrã que lhe não perdoa o famoso discurso1. Assim,
pela força natural das coisas, ei-lo armado em chefe das hostes anticoimbrãs. E
cá nos tem nas filas de combatentes. Pelo menos os campos definem-se e um dia
se verá...
(...)
Cumprimentos do velho amigo e admirador
salazar
1 Em 1942
Celestino da Costa disse num discurso na Câmara de Lisboa que
esta, e não Coimbra, era a capital cultural do país. Isto originou reacção da
Universidade de Coimbra que levou o ministro Mário de Figueiredo, oriundo da
sua Faculdade de Direito, a demiti-lo de director da Faculdade de Medicina de
Lisboa e de presidente do Instituto de Alta Cultura.
-
Ver excerto da carta seguinte, aqui:
«venho neste momento exprimir-lhe a minha velha camaradagem»: carta de Abel Salazar a Celestino da Costa de 1942
-
Prof. Celestino e meu caro amigo
A impressão produzida pelo caso da Alta Cultura é cada vez mais penosa. Amigos, inimigos e indiferentes são unânimes em reconhecer que esta mudança foi um desastre. O Tavares é um homem trabalhador, mas não tem nem a cultura, nem a larga experiência, nem o largo contacto e conhecimento dos meios científicos que o Prof. Celestino possui. A tudo isto acresce que o Cordeiro Ramos é um homem sem categoria intelectual nem moral. A todos os respeitos, um desastre. Dizem que o facto foi devido a uma vingança de Coimbra por causa de algumas frases no seu discurso da Câmara. Isto junto a um movimento germanófilo. Se assim foi, o retorno ofensivo de Coimbra é a mais completa justificação das suas frases e a descida moral e intelectual da Alta Cultura adquire um significado quase simbólico.
(...)
-
Ler, ainda:
O Centro de Estudos Matemáticos do Porto numa carta de Abel Salazar a Celestino da Costa de 1942, ano da fundação do CEMP
-
Tudo reproduzido do livro, que se recomenda vivamente:
(Abel Salazar - 96 cartas a Celestino da Costa)
Ver excerto da carta seguinte, aqui:
«venho neste momento exprimir-lhe a minha velha camaradagem»: carta de Abel Salazar a Celestino da Costa de 1942
-
Prof. Celestino e meu caro amigo
A impressão produzida pelo caso da Alta Cultura é cada vez mais penosa. Amigos, inimigos e indiferentes são unânimes em reconhecer que esta mudança foi um desastre. O Tavares é um homem trabalhador, mas não tem nem a cultura, nem a larga experiência, nem o largo contacto e conhecimento dos meios científicos que o Prof. Celestino possui. A tudo isto acresce que o Cordeiro Ramos é um homem sem categoria intelectual nem moral. A todos os respeitos, um desastre. Dizem que o facto foi devido a uma vingança de Coimbra por causa de algumas frases no seu discurso da Câmara. Isto junto a um movimento germanófilo. Se assim foi, o retorno ofensivo de Coimbra é a mais completa justificação das suas frases e a descida moral e intelectual da Alta Cultura adquire um significado quase simbólico.
(...)
-
Ler outro excerto desta carta aqui:
«O Aniceto Monteiro disse-me...»: carta de Abel Salazar a Celestino da Costa de 1942
-«O Aniceto Monteiro disse-me...»: carta de Abel Salazar a Celestino da Costa de 1942
Ler, ainda:
O Centro de Estudos Matemáticos do Porto numa carta de Abel Salazar a Celestino da Costa de 1942, ano da fundação do CEMP
-
Tudo reproduzido do livro, que se recomenda vivamente:
(Abel Salazar - 96 cartas a Celestino da Costa)
-
Nota: Em 1942, Celestino da Costa viria a ser substituido no Instituto para a Alta Cultura por Gustavo Cordeiro Ramos (salazarista, hitlerófilo e germanófilo).
-
Ver:
Decreto-lei n.º 25:317, de 13
de Maio de 1935
“Eles foram de facto valores
«sonegados» ao país” [Bento de Jesus Caraça] (fotocópia do artigo
original)
-
Ver ainda: