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Centenário de António Aniceto Monteiro na sessão da AML de 17 de Abril de 2007
Saudamos o 25 de Abril e o 1º de Maio numa moção que apresentamos, como lembramos o matemático António Aniceto Monteiro, agora que decorrem as comemorações do centenário do seu nascimento. No fascismo, havia cientistas que eram perseguidos e que tinham de partir para o estrangeiro. Mas a emigração portuguesa era constituída, sobretudo, por trabalhadores analfabetos ou pouco letrados e as suas famílias. Na década de 1980/1990, teve início outra saída, de jovens que estudavam até ao secundário e depois não encontravam trabalho. Mas, agora, a nossa emigração tem muitos licenciados, tem gente com mestrados e doutoramentos. Aqui, sim, se vê como continuamos a não criar condições para que fiquem entre nós muitos portugueses e portuguesas que são competentes e têm de sair para países que estão atentos e os convidam para trabalhar, ensinar e investigar, a bem de sectores fundamentais da produção e outros sectores da economia, do saber e da cultura, que defendem e que consideram indispensáveis.
Os cérebros, os cientistas vão embora. É agora uma emigração de alto nível de conhecimento, e lembrar António Aniceto Monteiro nesta Assembleia Municipal é, também, lembrar Manuel Valadares, Bento de Jesus Caraça, Ruy Luís Gomes e tantos vultos da ciência seus contemporâneos que foram perseguidos e impedidos de investigar e de ensinar.
António Aniceto Monteiro partiu porque Salazar e o fascismo não o deixaram ensinar nas nossas universidades. Mesmo no Brasil, por pressão de Salazar, não lhe renovaram o contrato na Universidade onde encontrara trabalho. Foi para a Argentina e, aí, teve uma actividade notável, que depois levou a todo o mundo. Regressou após o 25 de Abril e foi um homem e um cientista activo e respeitado.
Aqui fica recordado e homenageado por nós, podendo também o seu currículo significar, no breve enunciado que fazemos na recomendação que apresentamos, uma espécie de fábula e de aviso acerca da nova saída de cérebros e de especialistas altamente qualificados, que hoje acontece de novo em Portugal.
É esta situação que não aceitamos e que combatemos, porque não traz qualquer futuro. Por isso, o 25 de Abril e o 1º de Maio serão dias de luta e de confiança na construção de um país mais justo e melhor.■
O Deputado Municipal do PCP